Depois de abrir mão da fabricante paulista Marilan, a cearense M. Dias Branco, líder nacional em massas e biscoitos, ensaia novas investidas fora do Nordeste. "No lugar de uma empresa de São Paulo, mercado onde já temos boa participação com a Adria, preferimos comprar em regiões onde nossa presença é pouco expressiva, como Minas Gerais", disse ao Valor Geraldo Luciano Mattos Júnior, vice-presidente de investimentos e controladoria da M. Dias Branco.
O executivo não confirma o interesse na Marilan, mas a M. Dias Branco foi uma das empresas a realizar due diligence na fabricante de Marília (SP) no mês passado, apurou o Valor. O preço oferecido, no entanto (R$ 495 milhões) ficou abaixo das expectativas da família Garla, controladora da Marilan, que quer ao menos R$ 600 milhões pela companhia, quarta colocada no ranking nacional de biscoitos.
Ontem, a M. Dias Branco realizou teleconferência com analistas para detalhar a aquisição da também cearense Pelágio, dona da marca Estrela, por R$ 240 milhões. Com a compra, sua participação em biscoitos cresceu 1,2 ponto percentual e, em massas, 0,7. Segundo Mattos Júnior, porém, 35% das vendas da Estrela estão no Norte, região que não é coberta pela Nielsen, responsável pela medição de "market share".
A aquisição da Pelágio foi a segunda feita pela M. Dias este ano. Em abril, a companhia pagou R$ 69,9 milhões pela pernambucana Pilar. Em 2008, foi a vez de adquirir outra pernambucana, a Vitarella, por R$ 595,5 milhões. A única compra da M. Dias Branco fora do Nordeste foi a da Adria, em 2003, operação que lhe rendeu a liderança absoluta no país. Hoje, a empresa tem 25,3% de participação em biscoitos e 25,2% em massas.
Com as recentes compras no Nordeste, a M. Dias Branco procura blindar a região contra a investida dos concorrentes. Em especial da PepsiCo, que acaba de adquirir a goiana Mabel e está perto de levar a Marilan. Ainda assim, diz Mattos Júnior, existem "três ou quatro" fabricantes regionais no Nordeste que ainda interessam.
Quanto à desaceleração no consumo, a M. Dias acredita que essa tendência será revertida com o aumento do salário mínimo em janeiro. "No Norte e Nordeste, onde estão 70% das nossas vendas, esse aumento terá impacto maior, o que deve garantir o crescimento em 2012", diz ele. Em 2011, analistas estimam que a empresa feche receita líquida de R$ 2,8 bilhões.
Veículo: Valor Econômico