A Indústria de Alimentos Nilza, cuja falência foi anulada em junho do ano passado, deve voltar a operar este mês, segundo o advogado Sérgio Alambert, dono da Airex Trading, que comprou o laticínio em 2010 dentro do plano de recuperação judicial da empresa.
A primeira unidade a entrar em operação será a de Ribeirão Preto. Conforme Alambert, inicialmente a fábrica deve processar 100 mil litros de leite por dia para a produção de longa vida. A meta é alcançar 400 mil litros diários até o fim do ano.
Para começar, o volume será pequeno, segundo o empresário, porque a crise - que levou à suspensão das operações por quase dois anos - fez a Nilza "perder a bacia leiteira". "Estamos renegociando com produtores de leite (...) e vamos pagar à vista", afirmou.
Ele disse que a reabertura de Ribeirão Preto depende de uma licença ambiental da Cetesb e do registro do Sistema de Inspeção Federal (SIF). O plano da Nilza também é retomar, a partir de fevereiro, a operação da unidade de Itamonte (MG), inicialmente com a secagem de soro de leite. Em 90 dias, deve começar a produção de leite longa vida na fábrica.
Cerca de 50 pessoas foram contratadas para a retomada das atividades nas fábricas, e a previsão é faturar R$ 20 milhões mensais com as duas unidades, conforme Alambert.
A Airex pretendia retomar as atividades da Nilza em julho do ano passado, mas questões jurídicas - ainda pendentes - acabaram adiando os planos, segundo do dono da empresa.
Logo depois que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo anulou a falência decretada em janeiro de 2011 pelo juiz Héber Mendes Batista, o Ministério Público do Estado de São Paulo entrou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com um recurso especial recorrendo da decisão do TJ. O recurso ainda não foi julgado, de acordo o empresário. "Voltaremos a operar independentemente da decisão do STJ porque [o julgamento] pode demorar dois anos".
Outra pendência é que, apesar de a falência ter sido anulada, o juiz ainda não homologou o plano de recuperação, segundo Alambert.
A Nilza teve seu plano de recuperação judicial aprovado em novembro de 2010, mas em janeiro do ano seguinte, o juiz decretou a falência do laticínio alegando, com base em investigação do Ministério Público, que houve fraude no processo de recuperação judicial. Em junho de 2011, o TJ anulou a falência.
O plano de recuperação aprovado pelos credores contempla a aquisição da Nilza pela Airex. A Airex ficou com a participação de 65% do ex-controlador Adhemar de Barros Neto na Nilza e assumiu o passivo do laticínio, estimado em R$ 450 milhões. A fatia de 35% do capital é do BNDESPar.
Originalmente, o plano previa o pagamento dos débitos em 12 anos com carência de dois anos a partir da homologação pela Justiça. Alambert afirmou que vai propor aos credores um deságio, ainda não definido, da dívida e pagamento à vista.
Veículo: Valor Econômico