O consumidor já sente no bolso o impacto da maior incidência de chuvas na produção de alimentos. Os preços de tomate, pepino, berinjela e chuchu subiram até 56% na comparação entre dezembro e ontem no Entreposto Terminal São Paulo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (Ceagesp). A ida ao supermercado ou à feira exige mais atenção na hora da compra de legumes, frutas e verduras, que além de mais caros, também têm a qualidade comprometida.
Entre as maiores altas constatadas pela Ceagesp está a do tomate, que subiu de R$ 2 para R$ 3 o quilo, uma elevação de 50%. Já o quilo do pepino comum ficou 56,3% mais caro, passando de R$ 0,80 para R$ 1,25. A produção desses produtos foi prejudicada pelas fortes chuvas nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
De acordo com o economista da Ceagesp Flávio Godas, outro fator que contribuiu para a alta das cotações é a vinda de comerciantes desses locais, principalmente do Rio, para buscar parte da produção de São Paulo com objetivo de recompor a oferta local, o que diminui a oferta por aqui.
“A elevação de preços é a combinação dos dois fatores. A produção de verduras e legumes é feita perto da área de consumo, mas conforme a época. Estamos em plena safra do tomate em Minas Gerais, mas em Santa Catarina ainda vai começar, por exemplo”, afirma Godas.
E o consumidor deve se preparar para altas ainda maiores. O economista da Ceagesp explica que a demanda em janeiro ainda não está aquecida em São Paulo por ser um mês de férias e viagens, mas a tendência é que os preços subam ainda mais.
Por enquanto, as chuvas pontuais no chamado cinturão verde (composto por cidades como Ibiúna, Mogi das Cruzes e Itapecerica da Serra) também não afetaram a quantidade de hortaliças vendidas na Ceagesp, como repolho, agrião, couve, alface, acelga e escarola. Mas essa estabilidade não deve permanecer por muito tempo.
O gerente executivo da Associação dos Produtores e Distribuidores de Horti-Fruti do Estado de São Paulo (Aphortesp), Carlos Schmidt, conta que uma chuva de granizo já atingiu a região de Mogi na semana passada. “A cada semana devemos ter sucessivas altas. As hortaliças sofrem com as chuvas e o calor. A queda da qualidade da alface é visível. Se no inverno um pé de alface é colocado no saquinho para venda, agora é preciso colocar três, quatro pés”, explica Schmidt.
O agricultor Luís Yano, de Mogi das Cruzes, explica que as chuvas contínuas prejudicam a produção das hortaliças porque o produtor não consegue preparar a terra. Em caso de chuvas de granizo, os prejuízos são imediatos. “De agora em diante, a tendência é de queda na qualidade dos produtos”, lamenta Yano.
Alternativas
A dica do economista da Ceagesp para o consumidor driblar as altas nos preços é buscar alimentos que ainda não registraram altas expressivas, como o pimentão, beterraba, cebola e mandioca. Apesar de ficar 25% mais cara – de R$ 0,80 para R$ 1 o quilo – a batata segue sendo uma boa opção. Ele também indica as frutas em plena safra, como laranja, limão, melancia, figo, manga tommy, banana nanica, maracujá, maçã gala.
Outras recomendações do pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), Waldemar Pires de Camargo Filho, são para o consumidor pesquisar preços e aproveitar o fim da feira. Em geral, depois das 11 horas, os feirantes costumam fazer promoções. “Também vale pechinchar.”
Outra dica é aproveitar os dias de promoção das grandes redes do varejo. Os supermercados Carrefour e Extra, por exemplo, fazem ações promocionais com foco em frutas, legumes e verduras sempre às quartas-feiras. No Extra, a quarta-feira é o segundo dia de maior movimento na rede, perdendo apenas para o sábado. ::
Veículo: Jornal da Tarde - SP