Aumento do consumo de combustíveis e derivados foi de 6,3% em 2011, ante um crescimento do PIB estimado em 2,8%
O consumo de combustíveis cresceu em 2011 mais do que o dobro da evolução do Produto Interno Bruto. Pela estimativa da Petrobrás, o PIB do ano passado deverá ficar em 2,8%, enquanto o consumo de derivados terá crescido 6,3%. A expectativa do diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, é de que esse quadro vai se manter em 2012, o que obrigará o governo a importar ainda mais gasolina do que neste ano, de modo a evitar o risco do desabastecimento.
Para Costa, o consumo de derivados neste ano também superará o crescimento da economia em, pelo menos, 50%. A se confirmar a previsão, será o terceiro ano consecutivo que a demanda por derivados do petróleo ficará acima do PIB.
Contribuem para isso o aumento do poder aquisitivo da população, o que propicia mais consumo e gastos com combustíveis.
"Não sei se vai dobrar, mas, se o PIB crescer 4% (em 2012), o consumo de derivados deve crescer mais de 6%", disse ele em seu gabinete, na semana passada, em entrevista à Agência Estado.
A conta inclui gasolina A (sem etanol), óleos diesel e combustível, querosene de aviação, nafta e gás liquefeito de petróleo (GLP). São desconsiderados o gás natural e o etanol, não comercializados pela área de abastecimento.
Costa destaca que, neste ano, a alta ocorrerá sobre uma base de comparação já inflada pelo crescimento do consumo acima do PIB nos dois últimos anos, fenômeno que não se observou entre 2001 e 2009.
O da gasolina, por exemplo, subiu 18% em 2010 e expressivos 24% em 2011, o que ele atribui a uma nova classe de consumidores no País, comprando mais alimentos, carros e geladeiras, demandando transporte e combustível. "Temos 30 milhões, 40 milhões de novos consumidores. Tenho empregada e jardineiro que chegam para trabalhar de carro na minha casa", diz Costa.
Com preços congelados nas bombas, a Petrobrás precisa compensar a oferta insuficiente de gasolina com compras no exterior, onde o produto é mais caro. O problema não foi abordado pelo executivo, em entrevista ao Estado na tarde de quinta-feira. "Preço eu não posso falar aqui, isso eu não posso falar."
Mais cara. O mercado contesta a política da estatal de não repassar automaticamente ao consumidor altas na cotação internacional do petróleo. Em 2011, a gasolina ficou 6,92% mais cara, contribuindo com 0,27 ponto para a inflação de 6,5% medida pelo IPCA.
"Construir refinaria requer investimentos altos. Para compensar os custos, os preços na bomba deveriam ser elevados e, no entanto, estão mais baixos do que no mercado internacional", diz o analista de petróleo de um banco estrangeiro. "É uma conta que não fecha. A rentabilidade fica baixa."
Em 2011, a estatal teve de importar, em média, 45 mil barris por dia, 400% mais que no ano anterior, por insuficiência de capacidade de processamento nas refinarias.
Para este ano, o panorama previsto pela Petrobrás é de agravamento do quadro, já que o parque de refino nacional chegou ao limite e a próxima refinaria a entrar em funcionamento será um trecho da Abreu e Lima (em Pernambuco), cujo novo prazo, após sucessivos atrasos, é julho de 2013.
Veículo: O Estado de S.Paulo