Mão de obra, hoje, é escassa.
A reclamação mais repetida por empresários de todos os setores no Brasil em 2011 foi o chamado "apagão de mão de obra". A pesquisa realizada pelo Programa em Estudos de Gestão de Pessoas (Progep), denominada RH2010, aponta que 64,2% das empresas entrevistadas consideram que atrair, capacitar e reter talentos são os maiores desafios estratégicos da gestão de pessoas nas organizações. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma os dados quando revela, em levantamento divulgado no primeiro semestre de 2011, que a falta de mão de obra qualificada afeta 69% das empresas brasileiras.
Para solucionar o problema, as empresas têm investido em programas de treinamento cada vez mais sofisticados. A belo-horizontina Sisloc Softwares, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas de gerenciamento para locadoras de equipamentos, implementou um projeto de universidade corporativa.
Segundo o diretor comercial da Sisloc, Leônidas Ferreira, essa é uma ideia que já poderia ter sido implantada. "Sofremos com a carência de mão de obra qualificada há mais de três anos. As empresas de construção civil são as nossas principais clientes e o aquecimento desse tipo de negócio fez com que a Sisloc também crescesse muito. Quando a ideia da universidade surgiu, foi vista como uma ‘tábua da salvação’. Pena que não aconteceu mais cedo", relembra o diretor.
O investimento foi R$ 600 mil e inclui a abertura de mais um andar na sede da empresa com 220 metros quadrados. A universidade será dividida em três escolas: Técnica, para funcionários; Escola de Líderes, para gestores e colaboradores com perfil de liderança; e a Escola de Clientes, direcionada a parceiros. Também integra o projeto a realização de seis workshops com foco nos quase 300 clientes da Sisloc espalhados pelo Brasil.
Sucesso - Segundo a diretora-geral e de Recursos Humanos da empresa, Jiane Amaral, mesmo antes da inauguração, a universidade corporativa já é um sucesso. "Os funcionários nos procuram para saber sobre os cursos e se inscrevem. Acreditamos que a educação deve ser uma prática demandada pelo funcionário e não imposta pela empresa. Todos sabem que o profissional qualificado é que tem as melhores chances no mercado, então aqueles que se esforçam, certamente serão recompensados", explica a diretora, principal idealizadora do projeto. O primeiro módulo tem início no dia 2 de fevereiro.
Para Leônidas Ferreira, a implantação da universidade traz uma série de benefícios para a empresa além do treinamento sistematizado. "Antes, a cada demanda, precisávamos elaborar um treinamento específico, contratar consultores e o conhecimento trazido de fora ficava restrito àquele momento e àquelas pessoas. Com a universidade vamos perenizar o conhecimento, criando uma biblioteca corporativa atualizada. Não vamos mais partir do zero a cada demanda pois o processo será contínuo e sempre adaptado às necessidades. Isso trará, certamente, economia de tempo e dinheiro", analisa.
A Escola para Clientes também tem atraído a atenção. O modelo inova por considerar as necessidades internas dos clientes e não apenas a sua relação com a Sisloc. "Vamos trazer os nossos clientes para Belo Horizonte e também oferecer módulos midiáticos utilizando os princípios da educação a distância (EAD). Já projetamos, também, um campus virtual. A sua principal característica será a aplicabilidade. Trabalhamos para que a navegação seja a mais simples e direta possível. A previsão é de que o campus virtual esteja disponível em janeiro de 2013", revela Jiane Amaral.
O treinamento remoto também será utilizado no atendimento pós-venda, principalmente na capacitação de novas equipes que usarão o sistema já implantado. "Quando o sistema é implantado, fazemos um treinamento presencial, mas percebemos que, com o tempo, as empresas introduzem novos usuários que são treinados pelos próprios funcionários. Essa troca, às vezes, se mostra falha e, com isso, cai a taxa de usabilidade do nosso produto. Também nisso a Escola de Clientes vai atuar", aponta Leônidas Ferreira.
Algumas atividades da Escola para Clientes serão pagas e essa renda será reinvestida na universidade. A previsão da diretora geral é de que o investimento seja recuperado em um ano. A primeira equipe de trabalho da escola conta com mais de 50 profissionais entre consultores externos, empregados da própria Sisloc e indicados por parceiros como a Fundação Dom Cabral.
Em 2011, a Sisloc faturou R$ 5 milhões e passou de 30 para 73 funcionários. Para 2012, a expectativa é manter o crescimento na casa de 40%, atingindo receita de R$ 7 milhões, com aumento das estruturas física e de pessoal. "A nossa meta agora é estar cada vez mais próximo dos nossos clientes. A empresa tem que se antecipar às necessidades do cliente, apresentando soluções rápidas e criativas", completa o diretor.
Veículo: Diário do Comércio - MG