Exigência de 65% de conteúdo nacional nos veículos deve impulsionar ainda mais o setor ao longo deste ano, estimam empresas
O Brasil já é um dos maiores mercados para a indústria de pneus na América Latina e a medida adotada pelo governo brasileiro exigindo 65% de peças nacionais nos carros deve impulsionar ainda mais este setor, que já cresceu 15% em 2010 e espera aumento de 5% nos dados finais de 2011. Conforme levantamento da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), foram produzidos em 2010, 67,3 milhões de pneus, sendo 50% disso destinado a automóveis.
Segundo a Pirelli, o Brasil já é o principal mercado de pneus para da companhia na região representando mais de 90% do total. Com crescimento de 14% no último ano, outra grande concorrente, a Bridgestone, anunciou um investimento de US$ 50 milhões na ampliação de sua planta localizada no complexo industrial de Camaçari (BA). O aporte deve aumentar a capacidade em 30%, passando da atual produção de 8 mil pneus por dia para 10,5 mil, a partir de 2014.
Os recordes obtidos pelo País na produção de automóveis, também devem continuar sustentando o mercado. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram produzidos mais de 3 milhões de automóveis no Brasil, em 2011.
De acordo com o presidente da Pirelli na América Latina, Mauro Pessi, a expectativa é de que o faturamento da companhia em 2011 atinja US$ 2,7 bilhões, segundo consolidação a ser fechada ainda este mês, o que representa um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. Pessi afirma que, globalmente, a Pirelli deve fechar 2011 com uma receita de cerca de US$ 7,42 bilhões. A projeção para este ano é em torno de US$ 8,58 bilhões.
O executivo explica que as metas de investimentos foram revisadas para o seu maior mercado, o Brasil. Em 2010, a Pirelli anunciou aporte de US$ 300 milhões no País, para o período entre 2011 e 2013. No entanto, segundo o executivo, os investimentos foram acelerados e, agora, a empresa irá investir US$ 500 milhões entre 2012 e 2014.
A capacidade instalada da Pirelli está a todo o vapor na América Latina, conforme o executivo. Segundo os dados mais recentes da companhia (2010), as sete fábricas da região – cinco no Brasil, uma na Argentina e uma na Venezuela – produziram mais de 400 mil toneladas de pneus para carros de passeio, utilitários esportivos (os chamados SUV), vans, máquinas para agricultura, veículos industriais, caminhões, ônibus e motocicletas.
Segundo Pessi, Argentina e Brasil colaboram tanto com os resultados da Pirelli na América Latina, que já representa cerca de 40% da produção mundial da divisão de pneus da empresa. “No Brasil, em 2010, a Pirelli respondeu por 36% da produção global em toneladas de pneus”, destaca.
Como resposta ao bom desempenho das unidades brasileiras, a matriz norte-americana anunciou que os investimentos já estão sendo aplicados para aumentar a capacidade produtiva das fábricas, bem como agilizar ainda mais o processo de pesquisa e desenvolvimento.
“Hoje, a Pirelli tem 50% de market share de equipamentos originais de carros, graças à qualidade reconhecida dos seus produtos e agilidade para desenvolver soluções para novos modelos”, afirma. O executivo ressalta que a empresa deve investir na consolidação da liderança.
Importações
O vilão da indústria nacional também tem assombrado o setor de pneumáticos. Segundo o gerente da Bridgestone, as constantes importações têm afetado significativamente a empresa, no País. “De maneira geral, tivemos uma queda da produção no segmento de pneus de passeio, influenciada especialmente pela entrada de importados no Brasil”, afirmou o executivo.
No entanto, no segmento de pneus de caminhonete, em 2011 o aumento da produção foi de 43% em relação ao ano anterior, e na linha chamada TBR (cargas), o crescimento chegou a 9,5% na mesma base de comparação.
Segundo Lopes, após crescer 14% em 2011, a empresa espera expansão também em 2012, acompanhando a tendência de crescimento do mercado.
Atualmente, a capacidade máxima de produção da Bridgestone do Brasil é de 42 mil pneus por dia. Desse total, 34 mil são fabricados na planta de Santo André, na Grande São Paulo, e 8 mil são produzidos na unidade baiana de Camaçari.
“Estamos preparados para acompanhar essa tendência de crescimento do mercado, conforme projeções da Anfavea”, afirma Lopes.
Veículo: DCI