Computador 'casca-grossa' atrai atenção de fabricantes

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Computadores finos e leves, como os ultrabooks e os tablets, têm sido a principal aposta dos fabricantes nos últimos anos. Esses equipamentos seduzem o consumidor com seu peso reduzido - um atrativo e tanto para quem precisa carregá-los de um lado para outro - e o design sofisticado. Mas há mercado para um tipo de dispositivo muito diferente: em vez de delgado, o aparelho exibe um corpo parrudo, e se a aparência não é seu forte, ele resiste à chuva, a quedas, à poeira e ao calor. Sim, o computador 'casca-grossa' também tem seu charme.

Não há dúvida que o mercado para esses equipamentos resistentes é bem menor que o de produtos ultrafinos. Mas a limitação do público-alvo - os compradores tradicionais são empresas, ou profissionais que precisam usar o equipamento em ambientes hostis, como chão de fábrica, instalações militares, plataformas de petróleo, siderúrgicas etc - acaba funcionando como um fator de atração para fabricantes como a japonesa Panasonic, a inglesa Getac, a americana Dell e a brasileira Semp Toshiba. As compras, nesses casos, são uma necessidade - e não resultado de uma compra por impulso.

O preço é outro atrativo: um 'casca-grossa' custa a partir de R$ 4,3 mil no Brasil, e pode chegar a R$ 25 mil. Nos Estados Unidos, o custo passa dos US$ 2 mil. Com isso, companhias como a Panasonic conseguem fazer bons negócios: só nos EUA, a empresa japonesa soma vendas de US$ 800 milhões com esses equipamentos por ano. A maioria das compras é feita por forças policiais e pelo Exército. Para o comprador, a vantagem, segundo fabricantes, é a redução nos custos de manutenção.

"Se o seu computador quebra dentro do escritório, é fácil ligar para o suporte e solucionar o problema. Mas se um policial está na rua, fazer essa manutenção é mais difícil. Você precisa de um equipamento com maior resistência", diz ao Valor Hide Harada, da unidade de negócios de produtos de tecnologia da informação (TI) da Panasonic. Harada supervisiona a fabricação da linha Toughbook, o computador resistente da companhia.

Apesar da aparência de um notebook dos anos 80, os "casca-grossas" têm toda a tecnologia de produtos de última geração, aliada a baterias que podem durar até 16 horas e estruturas que "aguentam o tranco". Harada diz que no Japão uma versão mais simples do equipamento, batizada de Let´snote, é muito usado por jornalistas. "Os profissionais japoneses usam muito o transporte público, por isso precisam de um equipamento resistente, com boa duração de bateria, para não precisar carregar muitos acessórios", diz.

No Brasil, além da Panasonic, as máquinas são vendidas pela Dell e Semp Toshiba. Procuradas, as duas empresas não encontraram porta-vozes para comentar o assunto.

Segundo Harada, apesar de incipiente, o mercado local tem um grande potencial nos próximos anos. Entre os principais alvos, o executivo cita concessionárias de serviços públicos, empresas do segmento de petróleo e gás e o setor público. No fim do ano passado, a companhia vendeu 60 máquinas à Polícia Militar Rodoviária do Paraná.

O negócio fez parte de um projeto que também incluiu a compra de impressoras resistentes e um software específico para uso pela corporação. De acordo com João Alberto Simões, gerente da linha Toughbook no país, a companhia também fechou contrato com uma grande empresa privada, cujo nome será revelado em breve.

Quando foi lançada oficialmente no Brasil, no fim de 2010 e depois de mais de uma década de existência no exterior, a linha Toughbook tinha uma base instalada de cinco mil unidades no país, que eram importadas indiretamente. Desde então, com investimento em pessoal e estrutura de suporte local, o número cresceu entre 10% e 20%. Para os próximos cinco anos, o objetivo é manter taxas de crescimento entre 20% e 25%, diz Harada.

Os equipamentos serão importados. Segundo o executivo, ainda é cedo para pensar na produção local dos Toughbooks. É que à exceção de alguns componentes, como processador e disco rígido, os demais componentes são fabricados pela própria Panasonic no Japão. Criar linhas de produção no Brasil exigiria investimentos complementares para a fabricação de placas e no controle de qualidade dos computadores. "E com a demanda atual, isso não se justifica", diz Harada.


Veículo: Valor Econômico


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