Depois de um Natal fraco, vendas do varejo cresceram 4,5% no mês passado na comparação anual, puxadas pelos negócios à vista
O bota-fora antecipado promovido pelas lojas neste início de ano garantiu um bom desempenho de vendas para o comércio em janeiro, depois de um Natal fraco. No mês passado, o número de consultas para vendas à vista e a prazo aumentou 4,5% em relação a janeiro de 2011, segundo pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Em dezembro, a taxa média de crescimento havia sido de 2,2% na comparação anual.
"O que surpreendeu foi a liquidação antecipada", observa o economista da ACSP, Emílio Alferi. Normalmente, as liquidações começam depois do carnaval. Mas, neste ano, em razão do resultado abaixo das expectativas obtido em dezembro e do tempo atípico de janeiro, com baixas temperaturas e chuvas, os lojistas decidiram antecipar as liquidações.
O resultado apareceu nas vendas à vista, pois geralmente essa é a opção preferencial de pagamento nas liquidações. As consultas para pagamento com cheque aumentaram 6,3% em janeiro na comparação com o mesmo período de 2010. Os números apontam que houve um acréscimo significativo de negócios à vista nos últimos dias do mês, provavelmente fomentado por grandes promoções para atingir as metas de vendas traçadas. Nos dias 30 e 31 de janeiro, por exemplo, a ACSP recebeu 99 mil e 94 mil consultas, respectivamente, para compras quitadas com cheque. A média diária de consultas para essa modalidade de pagamento é de 89 mil.
No caso do crediário, o que se vê é uma gradual recuperação. Depois de atingir o menor nível em outubro do ano passado, quando o número de consultas cresceu só 0,5% na comparação anual, esse indicador subiu para 1,1% em novembro e foi para 1,7% em dezembro. No mês passado, a taxa de crescimento anual das consultas para o crediário subiu 2,7%.
Na opinião do presidente da ACSP, Rogério Amato, o movimento de queda dos juros, que deve continuar, e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos eletrodomésticos da linha branca, que termina em março, devem ajudar o ritmo de atividade do varejo nos próximos meses.
Mas, na dúvida, as lojas tentam manter aceso o estímulo ao consumo cortando os preços. O Walmart, por exemplo, iniciou no dia primeiro uma campanha nacional para reduzir em 10% os preços de cerca de 400 itens, entre alimentos e não alimentos.
De acordo com a empresa, não se trata de uma liquidação, mas uma nova política adotada pela companhia, seguindo os moldes do que já é feito em outros mercados onde atua. A cada 60 dias, um conjunto de itens são vendidos com descontos, já negociados com os fabricantes.
A Lojas Colombo, especializada em móveis e eletrodomésticos, é outra que optou por liquidar os estoques este mês. Além de reduzir os preços, a rede, com 330 lojas no Sul e no Sudeste, vai parcelar em até 24 vezes os produtos em oferta. Sobre as compras financiadas incidirão juros, mas a empresa diz que as taxas serão inferiores às de mercado.
Calote. Dados da ACSP mostram que a inadimplência do crediário cresceu 13,5% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2011. O resultado ficou um pouco acima do registrado nos últimos 12 meses (11,5%).
Apesar do crescimento do calote, Alfieri, da ACSP, pondera que, enquanto o desemprego continuar em queda, a inadimplência não será problema.
Veículo: O Estado de S.Paulo