Maior empresa de shoppings do Brasil, a BRMalls apresentou resultados no último trimestre de 2011 em linha com o esperado pelo mercado. A alta de 31% na receita com aluguel percentual (sobre a vendas das lojas) e de 2,6 pontos na margem operacional líquida (atingiu 90,5%) em relação a 2010, foram destaque nos relatórios de bancos e corretoras.
O forte aumento de 173% nas despesas financeiras no quarto trimestre e de 146,7% no ano de 2011 - como reflexo de variação cambial e de ajustes com derivativos - foi o ponto negativo do anúncio de resultados ao mercado ontem.
Essa alta nas despesas pressionou o lucro líquido, que ficou estável no trimestre e caiu 4,8% em 2011, ao atingir R$ 470,9 milhões. O lucro líquido ajustado (que exclui ganhos contábeis com a reavaliação dos shopping centers) atingiu R$ 90,6 milhões de outubro a dezembro, um aumento de 56,2% sobre mesmo trimestre de 2010. Em 2011, essa soma ajustada cresceu 17,1% em relação a 2010,
No quarto trimestre de 2011, a receita líquida da empresa alcançou R$ 263,6 milhões, com alta de 41,8%, enquanto que no acumulado do ano esse aumento foi de 57,7%. A margem de lucro líquido operacional (NOI), um dos principais indicadores do setor, passou de 87,9% para 90,5% no quarto trimestre. No ano subiu 1 ponto e atingiu 90,2%.
"A margem NOI se manteve em patamar elevado mesmo após a inclusão da aquisição mais recente (Shopping Jardim Sul) e em função da maior contenção de custos com serviços", informa relatório de análise do Banco Fator Corretora assinado pelos analistas Iago Whately e René Brandt.
Whately e Brandt mudaram, porém, a recomendação do papel. "Apesar do bom resultado e de termos uma visão positiva quanto à estratégia da companhia de consolidar o mercado, reduzimos o preço-alvo para as ações para R$ 23,00 (de R$ 25,10) e mudamos nossa recomendação de compra para manutenção". A redução está relacionada às novas projeções da corretora para a inflação.
Na avaliação dos analistas, deve ser mantido o ritmo de crescimento orgânico e de aquisições da BRMalls em 2012, apesar da capacidade financeira limitada, citada em alguns relatórios. A companhia somava em dezembro R$ 452 milhões no caixa, 41% a menos que em setembro, uma queda que reflete a compra de Jardim Sul. Em fevereiro, a empresa emitiu R$ 405 milhões em debêntures - cerca de 50% foi para pagar dívida e o restante entrou para reforçar o caixa.
"Estamos abertos a avaliar diferentes formas para ampliar esse recursos", disse à analistas Carlos Medeiros, presidente da companhia. "Podemos usar novas alternativas de fundos, como a que fizemos no Jardim Sul, por exemplo". Quarenta por cento do shopping está alocando em um fundo e as cotas serão vendidas no mercado até o fim de abril.
A equipe de análise do Goldman Sachs calcula que a empresa deve investir R$ 500 milhões neste ano em aquisições (foi R$ 1,4 bilhão em 2011) e a Fator espera R$ 800 milhões nos próximos 12 meses.
Veículo: Valor Econômico