O pico da safra de leite, que acontece entre dezembro e janeiro já passou, mas o produtor não sentiu no bolso uma queda brusca no preço pago pelo litro com a média nacional de R$ 0,79 alcançada em fevereiro. O valor é referente à produção entregue no mês anterior. Durante os últimos seis meses, os pecuaristas tiveram o melhor patamar de pagamentos em setembro de 2011 (R$ 0,84, por litro), valor que decresceu para R$ 0,80 entre dezembro do ano passado e em janeiro de 2012.
A explicação se baseia nas vendas fracas de lácteos durante o último bimestre, por conta das férias de fim de ano e do Carnaval. Um comportamento que pode ser explicado, inclusive, a partir de uma diminuição de 1,7% do volume captado pelas indústrias em janeiro na comparação com dezembro. No Paraná, a queda foi maior e chegou aos 3,2%.
Esta é radiografia do segmento apontada pela Scot Consultoria em seu recente levantamento do mercado de leite para o mês de fevereiro. De acordo com Rafael Ribeiro, da Scot, a retomada do consumo que deverá se iniciar agora no fim do mês fará com que os preços pelo menos mantenham a média dos R$ 0,79 por litro até pelo menos a metade deste ano.
Segundo Ribeiro, trata-se de uma vantagem levando-se em conta que os produtores estão prestes a enfrentar um dos piores períodos no campo, o da entressafra - que abrange abril e maio -, quando a oferta e a qualidade das pastagens, especialmente com capim braquiária, cai consideravelmente em decorrência do menor índice de chuvas.
Conforme a Scot Consultoria, 59% dos laticínios consultados responderam que vão manter a mesma remuneração de R$ 0,79, para março. Outros 29% sinalizaram que pretendem aumentar o preço pago pelo litro de leite, mas não definiram o valor. Na opinião de Rafael Ribeiro, esta movimentação no segmento já é decorrência dos pedidos das indústrias de chocolate para a fabricação de ovos de Páscoa, celebração que acontece em abril.
No mercado spot, aquele comercializado entre empresas, a média do pagamento pelo litro de leite foi de R$ 0,82, em janeiro, e R$ 0,85, em fevereiro deste ano, para São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Em São Paulo, o preço do longa vida (UHT) manteve-se estável em R$ 1,68 no atacado entre os meses de janeiro e fevereiro; no varejo, ficou em R$ 2,17 e R$ 2,18, respectivamente.
O índice Scot também apurou que o custo de produção diminuiu 4,5% no primeiro bimestre de 2012 na comparação com o mesmo período do ano passado.
Veículo: Valor Econômico