Varejo perdeu mais de R$ 16 bi em 2010

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As perdas no varejo somaram R$ 16,4 bilhões em 2010, ou 1,75% do faturamento líquido do setor, de acordo com o estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e do Mercado de Consumo (Ibevar), com ligeiro recuo de um ponto percentual em relação ao ano anterior. Este resultado, que faz parte da décima primeira edição da amostra, é consequência da diversificação do perfil dos entrevistados, com empresas de médio porte que não contam com a estrutura de grandes empreendimentos.
 
Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho da entidade, os empresários estão mais atentos à necessidade e aos mecanismos de controle desses processos. Isso porque, com a estabilização da economia a partir de 1994, não existe mais a possibilidade de repasse de perdas para os preços finais, pois o varejo está mais competitivo.
 
Ainda não existem dados consolidados a respeito do comportamento em 2011. Segundo Felisoni, o cenário aponta que as grandes empresas continuam investindo significativamente no combate às perdas e o mesmo não ocorre entre as pequenas e médias. Entretanto, ele afirma que o estudo aponta que existe uma consciência maior entre os pequenos e médios empresários. Na sua opinião, muitos conseguem suportar mais perdas porque atuam informalmente, o que não acontece com as grandes redes.
 
As principais causas das perdas detectadas foram quebras referentes a produtos danificados (32%), furtos praticados por consumidores (20%) e por funcionários (16%), erros administrativos (14%), problemas com fornecedores (9%) e outros ajustes (9%). Na avaliação de Felisoni de Ângelo, apesar do resultado final praticamente idêntico à pesquisa anterior, há uma mudança de comportamento por parte de uma camada de empreendedores, principalmente os grandes, pois eles estão investindo mais em treinamento. Ele acredita que, com a consolidação das grandes redes, que contam com 60% do faturamento de todo o setor, esse processo se intensificou. E lembra que nos anos 1990 a concentração era de 40% e esse avanço forçou o aumento do grau de profissionalização de muitas redes.
 
Causas – Entre as causas mais importantes das quebras operacionais, as mais expressivas são itens com validade vencida (28%), produtos danificados por consumidores (21%), ou que sofreram danos de clientes (17%), embalagens encontradas vazias (13%). Do total de furtos, 77% são externos e 20% são internos. Do total de entrevistados, 3% não souberam distinguir esses dois tipos de ocorrência. Nas lojas, os flagrantes atingiram 41%, enquanto nos supermercados eles corresponderam a 31% do total.
 
Os índices gerais de perdas foram de 0,52% do faturamento líquido para as farmácias, 1,81% para as redes de material de construção, 2,26% para os supermercados, 0,67% para outros tipos de estabelecimentos comerciais.
 
Diante deste quadro, na opinião do presidente do conselho do Ibevar, os resultados do estudo indicam que os equipamentos mais utilizados na prevenção são os tradicionais,  como alarme eletrônico de segurança (68%), sistema de aprovação de cheques (52%), mecanismos de gravação digital (52%), circuito fechado de TV visível (46%), alarmes de acesso (37%), circuito fechado de TV invisível (36%) e rádio comunicadores (35%), entre outros. Outros meios mais caros, como etiquetas eletrônicas por rádio frequência (12%), softwares de prevenção de perdas (12%), solução de frente de caixa como software e vídeo acoplados (8%) e etiquetagem eletrônica eletro magnética (8%) continuam sendo utilizados apenas pelas grandes redes.
 
Treinamento – Diante destas disparidades, Felisoni de Angelo insiste na avaliação de que o treinamento de funcionários continuará como o maior instrumento para evitar perdas. A adoção da prática tem crescido, especialmente entre as grandes redes e os estudos mais recentes indicam que a preocupação também existe entre os pequenos e médios empresários.
 
O estudo contou com 103 empresas, das quais 81 são supermercados, com 849 lojas, o que equivale a 78% da amostragem total; nove farmácias, compostas de 1.267 lojas (9%); cinco grupos de material de construção, com 93 unidades (5%); e outros, com 8 empresas diversas. Quanto à localização, 40% estão na região Sudeste, 28% no Nordeste, 22% no Sul, 8% no Centro-Oeste e 2% no Norte.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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