Medidas anunciadas ontem só devem beneficiar 10% dos rizicultores do Norte do Estado
A safra de arroz 2011/2012 está chegando ao fim com um novo horizonte pela frente. Depois de um ano de preços baixos causados pela supersafra, os agricultores de Joinville e região estão mais esperançosos, acreditando em uma estabilização nos preços pagos ao produtor. Para completar, o Ministério da Agricultura divulgou ontem um pacote de medidas que busca a desvalorização no produto, prevendo a aplicação de R$ 737 milhões neste ano.
O ministério programa a realização de leilões entre abril e julho para segurar a venda de um milhão de toneladas de arroz. Serão compradas 700 mil toneladas de arroz por meio do contrato de opção de venda e outras 320 mil toneladas pelo sistema de compras do governo federal. Com o anúncio, o governo espera evitar as distorções nos preços pagos aos agricultores.
Para o gerente da Epagri de Joinville, Onévio Zabot, a medida não deixa de ser interessante, mas surgiu um pouco tarde para a região. “Já colhemos cerca de 90% dos 22,7 mil hectares de área plantada. Na maior parte dos casos, nessa época, a safra não está mais na mão dos produtores. Por isso, é mais provável que quem se beneficie com esse pacote sejam as agroindústrias e os agricultores que são ligados a cooperativas”, afirma.
Segundo Zabot, os preços deste ano estão ainda longe do ideal para o produtor, mas não chegam a ser tão ruins quanto no ano passado, quando a saca de 50 quilos de arroz foi vendoda a R$ 19. Agora, o preço na região está em torno de R$ 24 –R$ 1,80 a menos do que o preço mínimo estipulado pelo governo. A estiagem no Rio Grande do Sul e a própria queda no total de área plantada no Brasil estão ajudando na cotação, explica o gerente.
O empresário Alceu Poffo, do Arroz Vila Nova, aposta na estabilização dos preços para o produtor e acrescenta que o preço mínimo só é pago mediante o atendimento de diversas exigências. “Por R$ 25,60, o governo entende que o agricultor teria que colher, secar o arroz na sua propriedade e custear o transporte até os silos liberados pelo governo. Nessas condições, ele vende pelo preço mínimo. Mas aí acaba tendo um custo que pode chegar a R$ 4 disso com essa operação”, argumenta.
Para o presidente da Associação dos Rizicultores do Litoral Norte Catarinense (Arinca), Orlando Giovanella, “todo pacote de ajuda sempre gera algum resultado para pelo menos não cair mais o preço, mesmo que boa parte dos agricultores já tenha vendido sua produção”. Ele lembra ainda que o preço mínimo não é reajustado há alguns anos e que os custos de produção são maiores do que os R$ 25,80. “O preço ideal está em torno de R$ 30”, conclui.
Veículo: Diário Catarinense