Chocolate: vendas ainda não decolaram

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Produtores de chocolates artesanais sofrem com a concorrência das grandes marcas.



Faltando pouco mais de 15 dias para a Páscoa, as empresas que trabalham com a produção e venda de ovos artesanais de chocolate e outras guloseimas dedicadas à data ainda esperam pelos clientes.

Para a empresária Fany Balabram, proprietária da Fany Bombons, com uma loja no bairro Sion e outra no Ponteio Lar Shopping, no Santa Lúcia, ambos na região Centro-Sul de Belo Horizonte, 2012 é um ano atípico e o crescimento das vendas no período da Páscoa não deve ultrapassar 5% em relação à mesma época do ano passado. "O brasileiro sempre deixa as compras para a última hora, então, por enquanto, temos poucas encomendas. Para piorar, ainda estamos convivendo com o alto preço da matéria-prima, que está fazendo o custo subir, e isso pode inibir o consumidor", avalia a empresária.

Para enfrentar a nova realidade, Fany Balabram aposta em novidades, como colocar brinquedos dentro dos ovos e aceitar encomendas personalizadas. Outra estratégia é priorizar os produtos de menor peso e mais baratos. "Procuramos atender à imaginação do cliente. Claro que nem tudo é possível, mas se a encomenda chegar com uma certa antecedência há a possibilidade de buscar os ingredientes e oferecer um produto único", explica.

Preparada para trabalhar com cerca de 500 quilos de chocolate apenas nesse período, a empresa passou de 18 para 21 funcionários. "Pela primeira vez, em quase 30 anos, tivemos dificuldades para contratar. Assim como os demais setores, sofremos com a alta rotatividade dos trabalhadores", comenta a proprietária.

Na J’adore, há 10 anos instalada no bairro Santo Agostinho, a chef e proprietária Letícia Pimenta espera um crescimento nas vendas entre 10% e 15%, mas o movimento deve se intensificar apenas nos últimos dez dias. "As primeiras encomendas já chegaram, mas sabemos que o corre-corre é mesmo nos últimos dias. Como o produto artesanal não leva conservantes e, em alguns casos, exige uma conservação mais cuidadosa, muitos clientes deixam a compra para a véspera da data", diz a empresária.

Para agradar um mercado cada vez mais exigente e que conta com um sem número de opções, a saída é a diversificação do mix de produtos. Os ovos recheados com sorvete e o ovo Gourmet Sagrado já fazem parte do cardápio. Em 2012, a novidade é o cupcake de colher. "Fizemos a estreia do produto no Dia da Mulher e foi um sucesso. Com ele oferecemos um produto mais barato, mas muito charmoso, e a expectativa é aumentar o número de itens vendidos por cliente", revela a chef, que também oferece todo o cardápio em versão diet.

Diferencial - Além das diferentes apresentações do chocolate, a empresa também investe na produção do almoço de Páscoa. "Como durante o ano trabalhamos com outros produtos além do chocolate, essa época serve muito mais para captarmos novos clientes, que passam a conhecer a casa e os outros produtos. Oferecemos todo o almoço, da entrada ao cafezinho, para que o nosso cliente não tenha nenhum trabalho no domingo de Páscoa. A novidade deste ano é a feijoada de frutos do mar feita com feijão branco. O cliente pode montar seu cardápio com várias opções de sobremesa, em especial as tortas, que fazem muito sucesso", completa Letícia Pimenta.

Entre as mais tradicionais fabricantes de chocolates artesanais está a Bombons Lalka, fundada em 1912 na cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, e transferida para o bairro Floresta, na região Leste de Belo Horizonte, em 1925. Segundo o proprietário, Roberto Grochowski, a fábrica já está a pleno vapor, porém as vendas devem mesmo esquentar nos últimos dez dias. A previsão é de um crescimento entre 5% e 10%.

"Temos dois grandes concorrentes: os chocolates caseiros e os grandes varejistas. Os primeiros porque conseguem oferecer preços baixos por não ter compromisso com a qualidade da matéria-prima nem com os impostos e encargos sociais. Já os grandes varejistas negociam direto com a indústria e conseguem grandes descontos que são repassados aos consumidores. O nosso diferencial, então, é criar produtos exclusivos", afirma o empresário.

Produtos que vão de cinco gramas a 25 quilos, presentes especiais escondidos dentro dos ovos e novos sabores sugeridos pelos clientes são as armas da Lalka para dar continuidade à tradição quase secular de vender ovos de Páscoa. "Algumas sugestões de clientes passaram a fazer parte do nosso portfólio. Sempre procuramos oferecer novidades e conhecer os desejos dos nossos consumidores", explica.

Com sete lojas próprias na Capital e venda para outros estabelecimentos, a empresa conta com 45 funcionários e aumentou o time em cerca de 20% para o período. Grochowski espera para 2012 um crescimento parecido com o do ano anterior, que ficou em 10%. Somente durante a Páscoa deverão ser manipuladas cerca de quatro toneladas de chocolates.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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