Desoneração é comemorada apenas como atenuante

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Embora encarada pela indústria apenas como medida paliativa diante do mau momento para o setor, a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para itens da linha branca foi comemorada pelos empresários. Os fabricantes de móveis, agora beneficiados com a desoneração anunciada pelo Planalto na segunda-feira, também estão confiantes em alta das vendas.

Entretanto, eles são unânimes em dizer que a queda do IPI não é suficiente para resolver o problema da indústria nacional, que patinha na esteira da valorização do real e da invasão dos importados.

O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersid), Michel Pires, salienta que apesar de a medida ser um alívio para as empresas que compõem o polo moveleiro da Zona da Mata, é preciso vontade política para ir além. "O que ganhamos foi a redução de um único imposto, enquanto a nossa cadeia é composta por vários outros. Precisamos mesmo é da reforma tributária", reclama.

Ele reconhece, entretanto, que sem o IPI, de 5% no caso dos móveis, os fabricantes de Ubá ganham novo impulso para superar a atual fase de vacas magras. O governo anunciou também a supensão temporária da alíquota incidente sobre a linha de laminados (pisos) de 15%, e a redução das que recaem sobre papel de parede, de 20% para 10%, e de luminárias e lustres, de 15% para 5%.

No caso da linha branca, foi estendida a suspensão do IPI dos fogões, que normalmente é de 4%, e as reduções das alíquotas sobre geladeiras, de 15% para 5%, de máquinas de lavar, de 20% para 10%, e dos tanquinhos, também zerada - o normal são 10%. Ficou definido que tanto no caso dos móveis quanto dos eletrodomésticos, a desoneração valerá até 30 de junho. O impacto na arrecadação será de R$ 490 milhões.

Com menos tributos para pagar, Pires estima que as empresas de Ubá conseguirão recuperar os 15% de vendas perdidas em fevereiro e ainda ganhar um pouco mais. Ele salienta, porém, que como o IPI incidente sobre os móveis é de apenas 5%, pesará mais nas comercializações o efeito psicológico do alívio tributário. "Agora, os consumidores colocarão os móveis como prioridade", aposta.

Com isso, o presidente do Intersid acredita ainda que será possível reempregar os cerca de 10% de funcionários demitidos das fábricas nos últimos meses. O polo moveleiro mantém hoje 35 mil empregados.


Bom momento - Na contramão das companhias de Ubá, a Líder Interiores, indústria e comércio de móveis e colchões acumulou um crescimento de 50% em seu faturamento nos últimos três anos. E, mesmo com a boa fase, evidenciada com os R$ 5 milhões recém-injetados na unificação da produção em um polo industrial em Carmo do Cajuru (Centro-Oeste de Minas), para a Lider, a redução do IPI veio em um ótimo momento.

Segundo o gerente de marketing, Tiago Nogueira, embora a empresa tenha conseguido manter seus negócios aquecidos enquanto a indústria nacional acumula recorrentes perdas, o afrouxamento tributário é sempre bem-visto. Especialmente porque o período que se estende de março a junho é justamente o pior do ano para o setor moveleiro.

E, com o IPI dos móveis zerado, a previsão da companhia é minimizar a ociosidade da fábrica, que chega a 20% nesta época. Na opinião de Nogueira, a produção será acelerada a, no máximo, 15%, nível inferior aos 22% verificados em 2010, última vez em que o governo desonerou o segmento. Isso porque, naquele ano, o alívio do IPI veio em janeiro, mês em que os consumidores estão mais propensos a gastar em artigos de decoração.

O diretor-geral da Eletrozema, rede varejista composta por 333 lojas com sede em Araxá, no Alto Paranaíba, Romeu Zema, diz que a redução do imposto sobre os móveis tem efeito limitado. Para o empresário, os artigos para o lar não conseguirão repetir o bom desempenho das vendas da linha branca observado desde dezembro, quando o tributo sobre os eletrodomésticos foi barateado. "Acredito que a comercialização dos móveis será mais moderada. O consumidor não sente a necessidade de se atualizar com novos modelos", justifica.

Já os preços mais competitivos da linha branca renderam bons frutos para a Eletrozema nos últimos três meses. No período, a comercialização desses itens saltou 17%, puxada, sobretudo, pelos refrigeradores e lavadoras.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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