Importação de vestuário bate recorde

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Compra de outros países no primeiro bimestre aumenta 72,5% em relação a igual período do ano passado


Cenário reflete valorização do real; China domina mercado, com 60% da confecção comprada no exterior

O Brasil nunca importou tantos casacos, ternos, camisas masculinas e femininas, roupas íntimas, camisetas e roupas para bebês como no primeiro bimestre deste ano.

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, em janeiro e fevereiro, as compras de vestuário de outros países ultrapassaram US$ 462 milhões, 72,5% mais em relação a igual período de 2011, quando as importações já haviam batido recordes.

O cenário reflete a valorização do real, que torna os importados mais baratos, e o crescimento das vendas das roupas mais em conta da indústria de confecção da China, que responde por 60% de tudo o que o Brasil compra.

De 33 itens de vestuário pesquisados pela reportagem no banco de dados do ministério, 11 tiveram aumentos de importação de mais de 100%.

A categoria combinações, anáguas, corpetes e calcinhas de tecido sintético foi a que mais cresceu: quase 1.000% na comparação com os dois primeiros meses de 2011.

"A participação do vestuário importado nas compras dos brasileiros, que há cinco anos era de 4%, saltou para 9,3% em 2011", afirma Marcelo Prado, diretor da consultoria Instituto de Estudos e Marketing Empresarial (Iemi).

REDES VAREJISTAS

Esse crescimento, diz, pode ser notado principalmente nas prateleiras de lojas como C&A, Riachuelo e Renner: 27,8% das roupas vendidas nessas grandes redes são fabricadas no exterior, mostram dados da Iemi. O percentual era de 25,8% em 2007.

É um negócio que vale a pena sobretudo quando há escala: a participação dos importados nas pequenas lojas de rede e das multimarcas é menor, de 15,7%.

"As redes menores compram menos. Para a importação ser viável, precisa ser realizada em grandes volumes", afirma Prado.

A indústria têxtil quer interromper a disparada de importações. As empresas dizem não conseguir competir de igual para igual com os chineses por causa da carga tributária e da alta do custo da mão de obra no Brasil, sem falar no real valorizado.

"Nós também temos a segunda energia elétrica mais cara do mundo", afirma Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.

DESONERAÇÃO

A entidade quer que o governo aumente a desoneração da folha de pagamento da indústria têxtil, já que a mão de obra representa cerca de 50% dos custos.

O setor também vai protocolar no mês que vem pedido de salvaguarda para mudar, de forma temporária, o regime de tributação incidente sobre os produtos têxteis importados.

Os grandes varejistas argumentam que uma eventual salvaguarda somente aumentaria os preços dos produtos vendidos no mercado interno. Dizem ainda que 9,3% é um percentual baixo de participação dos importados no consumo e que a própria indústria se beneficia da importação de matéria-prima.

"Fios, filamentos e tecidos, que são importados pela própria indústria têxtil nacional, estão na liderança das compras feitas no exterior", diz nota da Associação Brasileira do Varejo Têxtil.


Veículo: Folha de S.Paulo


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