Criada há 104 anos e como uma tradicional empresa de produção verticalizada, a Lepper, do ramo de cama, mesa e banho, agora vai passar a terceirizar parte da sua produção com parceiros no Brasil e no exterior que permitem a diversificação de produtos a custos mais baixos. A partir deste ano, ela entra em uma linha de jogos de cama, uma linha para itens de cozinha e outra de quarto de bebê, todas com marca própria, e todas produzidas fora do seu parque fabril próprio, localizado em Joinville (SC).
Parte dos parceiros na área de cama, em especial na fabricação de edredons, foram contratados em Santa Catarina. "Alguns são faccionistas (terceiros que fazem a confecção no tecido importado pela Lepper), outros são produtores de quase todo o produto já pronto", explica Gabriela Carneiro de Loyola, vice-presidente da Lepper. Além da terceirização no Brasil, a Lepper começou a trazer uma gama maior de produtos semi-acabados e prontos da China e do Paquistão (lençóis, sobrelençóis e fronhas).
"A China é a solução para produtos mais elaborados (com muita costura e à base de fios sintéticos) porque os médios varejos brasileiros também já estão se unindo comprar lá fora. Antes, no começo desse processo, só os grandes varejistas tinham essa facilidade de importação pelo volume maior que possuem. Mas, hoje em dia, os médios e pequenos fazem grupos para realizar a importação em conjunto. Com a globalização, sempre vai ter esse processo de buscar onde fazer melhor. Isso não tem mais volta. E, para a Lepper, essa também tem sido a solução", explica Gabriela sobre o reposicionamento da empresa.
A Lepper não tem planos de filial no exterior, mas, de olho no avanço das compras externas, criou um departamento de outsourcing. Uma equipe, que fica em Joinville, tem sido responsável por pesquisar melhores oportunidades de negócios em todo o mundo. Antes, esta era uma responsabilidade compartilhada entre as áreas de desenvolvimento de produtos, de marketing e comercial.
A produção terceirizada deverá representar 30% do faturamento da Lepper em 2012. O produto importado deve responder por cerca de 20% das vendas. No ano passado, a importação era cerca de 10% e estava presente mais em mantas de microfibra. Em 2011, não havia produção terceirizada no Brasil.
Os parceiros são usados para diversificar a oferta de produtos que deve crescer cerca de 30% em 2012 em relação ao ano passado. As vantagens vistas pela Lepper é que os terceiros permitem que ela diminua custos da folha salarial e comece a vender outros itens, como produtos nas quais ela não entraria a não ser que fizesse alto investimento em novas máquinas. A operação com parceiros também dá flexibilidade e diminui o risco do negócio porque, a qualquer problema nas vendas, a Lepper pode suspender as compras e a produção terceirizada, sem ficar com capacidade produtiva própria ociosa por conta disso.
O reposicionamento deve ajudar no crescimento. Em 2011, a Lepper registrou queda de 11% no faturamento em relação a 2010. A meta é atingir um faturamento de R$ 180 milhões neste ano ante R$ 121 milhões em 2011, segundo o diretor comercial da Lepper, Ênio Kohler.
Veículo: Valor Econômico