Déficit da balança de frutas frescas tem forte aumento no 1º trimestre

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Ainda que os exportadores brasileiros de frutas tenham se beneficiado de condições climáticas mais favoráveis em culturas importantes como o melão no primeiro trimestre deste ano, as perspectivas para o segmento não são promissoras. Os embarques de frutas frescas do país ao exterior deverão completar mais um ano em patamares fracos, distantes daquelas alcançados em 2007, um ano antes da crise que deprimiu a economia europeia, principal mercado comprador das frutas brasileiras.

"A demanda continua baixa. Infelizmente, o horizonte não é muito promissor. Vamos fechar o ano em níveis parecidos com os de 2011", reconheceu Cloves Ribeiro, gerente técnico do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). No ano passado, foram embarcadas 681,2 mil toneladas, volume 25,9% inferior as 919 mil toneladas registradas em 2007, pico histórico das exportações.

No primeiro trimestre deste ano, contudo, os embarques de frutas ao exterior cresceram. Entre janeiro e março, foram exportadas 150,8 mil toneladas, avanço de 10% sobre o mesmo período de 2011, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ibraf.

"O que pode contribuir para um desempenho um pouco melhor é que não temos problemas climáticos", afirmou Ribeiro, citando as adversidades enfrentadas no último ano pelos produtores de melão e maçã, justamente as frutas que determinaram a recuperação dos embarques no primeiro trimestre.

Fruta mais exportada pelo Brasil, o melão puxou as embarques totais no período. Ao todo, o país enviou ao exterior 50,8 mil toneladas, salto expressivo de 49,2% sobre o primeiro trimestre do ano passado, período em que o excesso de chuvas no Rio Grande Norte, principal polo de produção do país, praticamente inviabilizou a exportação da fruta da temporada 2010/11, que vai de agosto a maio.

Outro fator que ajudou a estimular as exportações de melão foi a quebra da safra espanhola, que motivou o crescimento da área plantada da fruta no Brasil no atual ciclo, o 2011/12, que já está em fase final de colheita.

A despeito do crescimento, as exportações de melão permanecem bastante distantes do seu auge. Desde 2008, quando o Brasil exportou cerca 211 mil toneladas da fruta, os embarques caíram 19,7%, também por influência da crise que atinge a União Europeia, a região responsável por 98% das compras do melão produzido no Brasil.

As exportações de maçã, por sua vez, iniciaram sua recuperação no mercado internacional, depois de "vários anos com quebra de safra", explicou o gerente do Ibraf. Entre janeiro e março deste ano, o Brasil exportou 24,5 mil toneladas da maçã, alta de 13% sobre o mesmo intervalo de 2011. "Este ano a produção teve qualidade melhor, mas ainda não vai recuperar o volume que perdeu desde 2007", acrescentou ele. À época, o Brasil exportava cerca de 100 mil toneladas de maçã, volume bastante inferior as 48 mil toneladas do ano passado.

Apesar do melhor desempenho no trimestre, o Brasil ampliou seu déficit na balança comercial de frutas (ver gráfico), impulsionado pelo crescimento de 10,9% das importações.

Entre janeiro e março, o país importou 122 mil toneladas, gastando US$ 133,7 milhões. As 150,8 mil toneladas exportadas, por sua vez, renderam US$ 109,3 milhões. Com isso, o saldo da balança de frutas ficou negativo em US$ 24,4 milhões, ante um déficit de US$ 7,3 milhões no mesmo período do ano passado.

"Para quem está enfrentando a crise mundial, não chega a ser um mau resultado", relativizou Ribeiro. Tradicionalmente, explica ele, as importações são mais fortes no primeiro semestre e as exportações no segundo semestre.


Veículo: Valor Econômico


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