Perspectiva é que as TVs muito finas respondam por 60% do mercado e os aparelhos de LCD, por 40%, segundo fabricantes
As vendas de televisores de tela fininha, as TVs de LED, devem ultrapassar neste ano as de tela mais grossa, de cristal líquido (LCD, na sigla em inglês). Dos 10,5 milhões de TV de tela fina comercializados em 2011, mais da metade (60%) foi de LCD e 40% de LED. Em 2012, as proporções devem se inverter e a TV de LED deve responder por 60% das vendas. As previsões são de dois maiores fabricantes, as coreanas Samsung e LG.
A mudança de perfil de vendas do mercado brasileiro indica crescimento de receita dos fabricantes. É que o preço de um TV de LED supera o da TV de LCD.
"Na nossa empresa, a fatia da TV de LED já passou a de LCD", afirma o diretor de vendas da LG no Brasil, Roberto Barboza. Atualmente, as TVs de LED respondem por 55% das vendas da empresa. A perspectiva é que, até o fim do ano, essa participação suba para 70%.
"O consumidor ainda está trocando a TV de tubo pela TV de tela fina", afirma o vice-presidente de novos negócios da Samsung, Benjamin Sicsu. Ele calcula que o mercado TVs de tela fina totalize 13 milhões de aparelhos este ano e que as vendas de aparelhos de tubo recue para um milhão, ante 2,5 milhões em 2011.
Barboza, da LG, diz que a TV de tubo não deve deixar de ser produzida tão cedo, apesar de a sua empresa ter interrompido a fabricação no primeiro trimestre de 2011. Ele pondera que esse produto tem uma venda significativa nos Estados do Norte e Nordeste, especialmente nos modelos de 14 polegadas.
Além da renovação tecnológica, que faz crescer a procura por aparelhos mais modernos, o executivo diz que o avanço das TVs de tela mais fina está sendo beneficiado pela queda dos preços em dólar dos painéis, apesar de o câmbio médio estar mais elevado neste ano: R$ 1,85, ante R$ 1,70 em 2011. Ele acredita que a tendência do mercado em 2012 é de consolidação das TVs de LED e das TVs inteligentes, que agregam funções do computador.
Deslocamento. "As vendas de televisores de janeiro e fevereiro não foram ruins, mas, depois da primeira semana de março, houve queda", conta Barboza. Mesmo assim, a empresa fechou o primeiro trimestre com crescimento entre 25% e 35% nos volumes comercializados de TVs em relação a igual período de 2011.
Ele argumenta que houve um deslocamento de vendas de TVs para a linha branca em março porque as pessoas achavam que o benefício do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido iria acabar no dia 31 de março. Como isso não ocorreu, as vendas voltaram a reagir neste mês.
"Para o Dia das Mães, as encomendas estão interessantes", diz Barboza, que recebeu um volume de pedidos entre 25% e 30% maior do que em 2011.
A Samsung não revela números, mas relata que as encomendas para o dia das Mães já estão feitas e que o crescimento é de um dígito em relação aos pedidos para a à mesma data de 2011.
Lourival Kiçula, presidente da Eletros, que reúne a indústria de eletroeletrônicos, diz que, na linha de aparelhos de áudio e vídeo, houve um acréscimo de 10% no número de unidades vendidas pelos fabricantes entre janeiro e março, na comparação com os mesmo meses de 2011.
Já nos fogões, geladeiras e máquinas de lavar, a linha branca que foi beneficiada pelo corte do IPI, o crescimento foi de 15% nas vendas em relação a igual trimestre de 2011. Apesar desse resultado, há indicações de que, no varejo, a prorrogação do benefício até o fim de junho estaria só mantendo o ritmo de vendas e evitando uma queda no faturamento.
Segundo varejistas, o efeito do corte do IPI desta vez é muito menor do que o resultado alcançado em 2009. Uma das razões para esse desempenho modesto é que boa parte dos consumidores já trocou a geladeira e o fogão três anos atrás. Kiçula considera, no entanto, "ótimo" o desempenho de vendas da linha branca no primeiro trimestre.
Veículo: O Estado de S.Paulo