Indústria de CDs ainda sobrevive no mercado

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Era uma vez uma indústria brasileira que rendia até R$ 1,3 bilhão por ano, não tinha concorrentes e deitava e rolava sobre seus louros. Vieram os piratas e trouxeram dias de crise, pessimismo e ameaças de extinção. Uma década depois, ainda que o faturamento chegue a apenas 20% do que já foi, não é mais assim que a banda toca.

Em harmonia com o momento de estabilização do mercado mundial, propulsionado pelas vendas digitais e pela diminuição da queda do formato físico, as palavras de otimismo ressoam nas gravadoras em atividade por aqui.

A reportagem ouviu a Sony, a Universal e a Som Livre, três das cinco maiores (nem EMI nem Warner quiseram se pronunciar), além da Biscoito Fino, destaque entre as independentes. Em todas, o clima agora é de "o pior já passou".

Os motivos: os três anos de estabilidade nas vendas de CDs, o contínuo crescimento nas de DVDs e Blu-Rays, de 790% desde 2000, e a confirmação da força do iTunes. A loja brasileira, instalada em dezembro, já superou o resultado mensal da espanhola (no ar desde 2004) e da mexicana (desde 2009).

O golpe foi sentido de 2000 para 2001, com o surgimento do Napster e a disseminação da segunda geração dos sistemas de compartilhamento de música pela internet. Fábricas fecharam, lojas sucumbiram. Acabaram-se as grandes festas de lançamento, as convenções superproduzidas, os presentes caros aos artistas e os adiantamentos milionários, concedidos na certeza do retorno de vendas.

Curiosamente, os prognósticos em 2001 eram de crescimento de 12% até 2004. Acreditava-se que a crise seria passageira. Pois o R$ 1,3 bilhão de 1997, repetido no ano seguinte e alavancando pelo axé, sertanejo, pagode e pop, chegou a R$ 998 milhões em 2001 (hoje são R$ 373,2 milhões). A posição do Brasil no ranking mundial foi caindo do 5º lugar até o 12º.

As demissões devastaram metade das companhias. Os departamentos foram enxugados ao limite. Os promotores que se espalhavam pelos estados vendendo artistas para rádios, TVs e atacadistas foram os primeiros a cair. O Norte e o Nordeste, assolados talvez irreversivelmente pela pirataria, foram abandonados à própria sorte.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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