Foi em uma fazenda em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira (SP), que o laticínio Balkis - conhecido por produzir queijos especiais - começou a se destacar neste mercado avaliado em R$ 7 bilhões no ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Queijo (Abiq).
Atualmente, a marca é conhecida por seus queijos magros, com fibras e mais sofisticados. Entre eles, os do tipos italiano e português, como mascarpone, burrata e curado com pasta amolecida. Mas, nos anos 1990, a propriedade de 240 hectares produzia apenas o frescal para atender uma freguesia de empórios e clientes do antigo posto de gasolina da família, na zona oeste de São Paulo. "Era apenas uma produção artesanal", relembra Alexandre Marques, diretor da empresa.
No entanto, a pequena comercialização do produto esbarrou no Código de Defesa do Consumidor, que endureceu as regras para comercialização de alimentos, com a exigência do Selo de Inspeção Federal (SIF), concedido pelo Ministério da Agricultura. "Tivemos que tomar uma decisão. Ou o queijo se transformava de vez em negócio ou seria fabricado apenas para consumo da fazenda", relembra.
Outro acontecimento encaminhou a família para a profissionalização na área. O Vale do Paraíba, onde o laticínio mantinha parceria com produtores locais, abandonava aos poucos a atividade leiteira. Por essa razão, a Balkis se instalou em Santo Antônio do Aracanguá, na região oeste do Estado de São Paulo, e abriu outra unidade em Juruáia (MG) - onde são produzidos apenas o queijo frescal, carro-chefe da empresa com 1,1 mil kg por ano.
Para dar conta de uma linha composta por mais de 60 produtos - alguns deles produzidos com exclusividade para uma marca de supermercado - que consomem 3 milhões de quilos por ano, a Balkis recebe 70 mil litros de leite por dia, provenientes de 425 produtores do entorno da duas cidades.
Marques atribui o destaque da marca à diversificação, que não é comum em outros laticínios, e ao direcionamento dos produtos para as classes A e B. "Foi uma questão de estratégia, pois não teríamos chances de competir com preços e escalas industriais", diz.
Ele comenta que a meta da empresa é lançar, pelo menos, três produtos por ano, desenvolvidos dentro da própria Balkis. Para isso, são gastos em torno de R$ 700 mil anuais. O recurso é aplicado na modernização e ampliação das fábricas e na manutenção de laboratório próprio. Eventualmente, a empresa também contrata a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), para realizar análises mais específicas de leite.
Marques avalia que a visão da Balkis está alinhada com o que mostram os números do segmento. De acordo com a Abiq, o consumo de queijo cresce 9% por ano - 4 quilos per capita anuais. Em 2011, o país produziu 815 mil toneladas e importou 38 mil toneladas, especialmente, da Argentina e do Uruguai, segundo a associação.
Veículo: Valor Econômico