Agricultores que desafiaram o clima e cultivaram soja fora do período recomendado se preparam agora para colher o grão. Mas a tática não rendeu o esperado. O índice de produtividade é tão pequeno que não cobre, sequer, os custos de produção.
Oagricultor e engenheiro agrônomo Ricardo Brum, de Cruz Alta, no noroeste do Estado, aproveitou uma chuva no fim de janeiro para cultivar a semente estocada nos galpões, que deveria ter sido plantada em novembro não fosse a seca. Durante a fase mais delicada da planta – que neste caso ocorreu entre março e abril, em vez de fevereiro –, a chuva também foi em quantidade abaixo do necessário.
– Em março choveu 28mm, quando o necessário para planta se desenvolver era 120mm – conta Brum.
A colheita, que deve começar nos próximos dias, terá baixa produtividade. Os pés de soja estão com cerca de 20cm de altura, quando o normal é 1m20cm na colheita. Brum estima colher até 10 sacas por hectare.
– Não paga nem o custo de produção. Para isso seria preciso colher 25 sacas por hectare – calcula Brum.
Segundo a Emater, poucos agricultores investiram no cultivo tardio.
– Para quem apostou, o resultado é este. As plantas já estão no final do ciclo e as lavouras do Estado se encaminham para a fase de colheita – afirma Dulphe Pinheiro Machado, gerente técnico estadual da Emater.
Veículo: Zero Hora - RS