Terminais portuários de Santos estão recebendo cargas conteinerizadas originalmente destinadas ao porto de Itajaí, cujas operações foram interrompidas desde quarta-feira da semana passada, em conseqüência das inundações que atingiram várias cidades de Santa Catarina. Ainda não há previsão para a retomada das operações em Itajaí, que ficou sem dois berços de atracação, um terceiro com avarias e um quarto em finalização de obras. Avaliações não oficiais chegam à cifra de US$ 170 milhões para recuperação total do porto catarinense.
A armadora Hamburg-Sud/Aliança retirou da escala naquele porto quatro embarcações, mandando três diretamente para Santos, envolvendo cerca de três mil contêineres, entre embarque e descarga de mercadorias. Nesse rol entraram o "Cap San Nicolas" e o "Cap Roca", que fazem a linha com os Estados Unidos, e o "Paranaguá Express", da rota européia. Para Paranaguá foi desviado o "Cap Trafalgar". Um quinto navio, o "Cap Ortegal", está para chegar e não mais se dirigirá a Itajaí, segundo Wilson Roque, gerente regional da armadora para os Estados de Paraná e Santa Catarina.
"Estamos procurando alternativas e a primeira opção é Navegantes (na outra margem do rio Itajaí); depois São Francisco do Sul e Imbituba (ambos em Santa Catarina), que está com obras para serem entregues em meados de dezembro", avalia Roque.
Depois da destruição de berços, o assoreamento do leito do rio Itajaí-Açu surge como outra dificuldade para a navegação no local. "Na bacia de evolução formou-se um banco de areia que impede o trânsito de navios e só um trabalho de batimetria poderá dar a real dimensão do fenômeno", diz o gerente. Por sua vez, a força da correnteza elevou de 11 metros para 22 metros a profundidade junto aos berços de atracação, o que determinou sua destruição.
Outras armadoras, como a Maersk, Mol Brasil e Zim, também desviaram para Santos rotas antes dirigidas a Itajaí. O navio "HS Liszt", da Maersk, segundo a Codesp, especializado em cargas frigorificadas, acabou sendo operado no terminal da Libra, e já zarpou. O "Mol Columbus", da Mol Brasil, bandeira panamenha, também descarregou e importou contêineres na Libra, enquanto o "Clou Aisland", liberiano por bandeira, da Zim, trabalhou no terminal da Rodrimar, tendo descarregado 75 unidades e recebido 112.
Patrício Júnior, diretor comercial para a América do Sul do APM Terminals, que explora o terminal de contêineres de Itajaí, disse que, numa avaliação prévia, o terminal zero que a empresa constrói no local deverá ficar pronto em dezembro, nos seus primeiros 235 metros. Os 70 metros remanescentes serão concluídos em fevereiro. "A inspeção do berço 4, a ser feita nos próximos dias, se aprovada , será oferecida aos clientes logo em seguida", afirma. O executivo prevê que o acesso marítimo aos portos de Itajaí e de Navegantes (Portonave) permanecerá fechado até meados de dezembro.
O superintendente do porto de Itajaí, Arnaldo Schimitt Júnior, e o prefeito da cidade, Volnei Morastoni, reuniram-se ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem apresentaram avaliação preliminar das avarias causadas pelas enchentes, segundo informou o próprio porto.
Veículo: Valor Econômico