Recursos do CMN serão usados na recomposição da cadeia do café

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Os recursos liberados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ao setor cafeeiro devem ser utilizados como ferramenta para recomposição dos preços e resgate de alguns produtores com dificuldades financeiras. Os produtores de café poderão utilizar a nova linha de crédito para Cédula de Produto Rural (CPR), de R$ 100 milhões com juros de 7,5% ao ano, para quitar dívidas antigas, que estavam sendo roladas com juros de até 22% ao ano, segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O dinheiro chegará ao produtor por meio do Fundo de Defesas da Economia Cafeeira (Funcafé). Representantes dos produtores e da indústria afirmam que as medidas são importantes instrumentos para compensar os baixos preços do produto no mercado e devem oferecer fôlego ao setor para os próximos três meses.

 

Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, afirma que os novos recursos via CPR não são prorrogações de dívidas. Ele lembra que, por lei, o setor pode contar com mais R$ 200 milhões, além do que já foi liberado. "É uma demanda justa para os produtores endividados que conseguimos transformar em lei. Se os R$ 100 milhões não forem suficientes, o governo vai liberar o restante", completa. Ele avalia como positiva as medidas do atual governo para a cafeicultura.

 

Por outro lado, a indústria também se mostra preocupada com a baixa remuneração aos produtores. Almir Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), afirma que os novos recursos para a indústria serão usados na composição de estoques, o que deve favorecer a recuperação dos preços no mercado interno. "Agora existe dinheiro para a cadeia toda. Vamos nos empenhar de todas as formas para que o cafeicultor tenha condições de produzir". Segundo disse, o setor espera elevar os preços entre 20% e 30% com a retirada de produto do mercado. "Esperamos que os produtores também usem os recursos para favorecer a alta". Ontem, o CMN anunciou mais R$ 130 milhões para as indústrias por meio do Financiamento para Aquisição de Café (FAC) e ampliou o limite de R$ 10 milhões para R$ 15 milhões por empresa. Com isso, sobe para R$ 443 milhões o montante oferecido às empresas. "Essas medidas são resultado da última reunião de toda a cadeia e deve resolver o problema de custo no curto prazo", afirma Almir Filho.

 

O indicador diário do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo, (Cepa/USP) indica preços do café do arábica em R$ 264 a saca de 60 quilos, valorização de 4,5% no mês. Mesquita diz que a sinalização de novos recursos é importante por causa do tamanho da atual safra. Mas afirma que é necessário elaborar novas políticas que favoreçam a renda do produtor. "Diante dos custos mais altos e dos preços baixos fica difícil ser competitivo. Precisamos de mecanismos que garantam renda e não de refinanciamento".

 

Mesquita conta ainda que o socorro deve dar mais fôlego aos produtores que tiveram problemas com granizo entre setembro e outubro. Na quarta-feira, o CMN anunciou R$ 90 milhões para 30 mil hectares atingidos. "O café já não está cobrindo nem o custo de produção. A ajuda será muito importante". O produtor poderá acessar o crédito via Funcafé com juros de 7,5% ao ano, com três anos de carência e três para pagamento. "Os cafeicultores que tiveram perdas menores terão prazo um pouco menor", observa Mesquita.

 

Ademiro Vian, assessor de crédito rural da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), explica que os produtores não devem encontrar complicações para acessar o crédito. "Levará no máximo uma semana". O presidente da Abic também acredita que o processo será ágil. "O crédito é real e ajudará a tirar pelo menos 6 milhões de sacas do mercado, controlando a subida das cotações e tornando a produção viável ao produtor".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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