Está surgindo na região de Ribeirão Preto, em São Paulo, uma das dez maiores redes de supermercados do País e a maior rede do interior paulista. Segundo fontes do setor, as redes Gimenes e Savegnago, ambas originárias de Sertãozinho (SP), estão em fase final de negociação para fechar um negócio de fusão ou incorporação envolvendo troca de ações entre os dois grupos.
Se concretizada a negociação, surgirá um grupo com quase 50 lojas, localizadas em duas dezenas de cidades da região de Ribeirão Preto, e com faturamento a caminho de R$ 1,5 bilhão.
Fundado por Antônio Gimenes Filho, que inaugurou seu primeiro empório em 1957, em Sertãozinho, o Gimenes é controlado, desde abril de 2006, pelo fundo Governança e Gestão Investimentos (G&G), liderada pelo economista Antônio Kandir, ex-ministro de Planejamento do governo FHC. Hoje, o fundo da G&G tem mais de 80% do capital do Gimenes, que tem 30 lojas em 17 cidades da região de Ribeirão Preto.
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o faturamento da rede Gimenes em 2007 foi de R$ 509,3 milhões, o que a coloca na 20ª posição no ranking das maiores redes supermercadistas do País.
A rede Savegnago, fundada em 1976 por Aparecido Savegnago e seus filhos José Carlos, Antônio Aparecido e Sebastião Edson, ainda é controlada pela família e mantém a sede em Sertãozinho. Segundo a Abras, a rede Savegnago tem 19 lojas em oito cidades da região e faturou, em 2007, R$ 600,1 milhões. O grupo ocupa a 19ª posição no ranking da Abras e já é considerado a maior rede de supermercados do interior paulista.A diretoria dos dois grupos não quis comentar o assunto, assim como Antônio Kandir, da G&G. Mas um supermercadista da região disse que as duas redes já caminham para a integração dos respectivos sistemas de tecnologia da informação.
A estratégia de médio e longo prazo dos administradores do fundo liderado por Kandir, quando adquiriram 80% do Gimenes, era encontrar uma forma de tornar o ativo mais robusto. Já se tinha em mente, em 2006, partir para aquisições a fim de dar maior musculatura ao negócio, e no futuro, passar de uma dimensão regional para uma de envergadura nacional.
"Faz todo sentido a união dos dois grupos. Se o negócio sair, será grande a sinergia entre as partes", diz um analista. "Um grupo com receita de mais de R$ 1 bilhão tem maior poder de negociação junto aos fornecedores e bancos e maior atratividade para a abertura de capital", afirmou o analista. Segundo ele, uma empresa menor tem dificuldade até para emitir debêntures.
Redes de origem familiar, como Gimenes, Savegnago e tantas outras no interior, vêm promovendo diversas ações para mostrar que não se acanham com a concorrência com gigantes do setor, como Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar. Na disputa pela clientela, essas redes lutam para manter preços competitivos, muitas vezes abaixo dos gigantes, resultado de uma administração enxuta, menor margem de lucro e investimentos em marketing.
Veículo: Gazeta Mercantil