CNA busca preço de referência do leite

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O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou na última quarta-feira uma Linha Especial de Crédito (LEC), no valor de R$ 15 milhões por empresa, para estocagem do leite. Agora falta um consenso sobre o preço de referência do produto para minimizar as perdas do setor. O alerta é do presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim.

 

De acordo com Alvim, a discussão está nas mãos do Ministério da Fazenda que está irredutível, querendo adotar como preço de referência o mínimo de R$ 0,47 nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste; R$ 0,45, na região Sul do país; e R$ 0,41 no Norte do Brasil. "Não estamos aceitando esses valores pois precisamos de instrumentos de apoio para evitar que os valores do leite caiam ainda mais", criticou.

 

Em outubro, o preço do leite caiu e a média nacional foi reduzida de R$ 0,61 para R$ 0,57 por litro. Para Alvim, se o governo se mantiver irredutível com relação a um preço médio menor, assim que o leite chegar à indústria, os preços poderão sofrer queda ainda maior em função da oferta, salientou. "O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sinaliza para preços entre R$ 0,55 e R$ 0,57 por litro. O sugerido por nós foi de R$ 0,60 por litro e vamos continuar negociando", afirmou.

 

De acordo com o dirigente, o Mapa está convicto de que os preços de referência oferecidos são muito baixos. "Nossa solicitação foi de R$ 300 milhões para retirar cerca de 400 milhões de litros de leite do mercado, enquanto isso, o montante excedente chega a 1,4 bilhão de litros. Sendo assim, com os Contratos Privados de Opção de Venda (Prop), de R$ 100 milhões, seria possível retirar mais cerca de 1 bilhão de litros do mercado", destacou.

 

Leilão - O governo oferece através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o leilão de prêmio de cerca de R$ 0,10 por litro. A indústria, por sua vez, compra o direito desse prêmio, garantindo o pagamento ao produtor, além de outro para comercialização. A partir desse momento, faz-se o leilão e a indústria lança mais um leilão de opção de venda, no qual produtores e cooperativas concorrem para entregar o produto.

 

De acordo com Alvim, trata-se de um prêmio de escoamento, utilizado também quando os preços do leite estão em queda no mercado internacional, o que gera excedente de produção no mercado interno. "Estamos fazendo parte de uma crise mundial e os Estados Unidos fizeram quatro planos para aplacar essa situação mas não sabemos a possível resposta para esse cenário", considerou.

 

No mercado externo, a tonelada de leite chegou a US$ 5,7 mil e hoje está sendo comercializada a US$ 2,2 mil, enfrentando um cenário preocupante, pois o Brasil exportou 1 bilhão de litros entre janeiro e outubro, dos quais 58% foram para a Venezuela. "Essa concentração nos preocupa e uma saída agora seria buscar outros mercados para que o pior não aconteça", advertiu.

 

De acordo com o presidente da Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil), João Bosco Ferreira, caso a liberação da verba para a implantação imediata do Prop, com preço referência de R$ 0,60 por litro, realmente cheguem a sair do papel, poderá ser muito útil para os produtores. "A cadeia leiteira precisa que estes créditos realmente cheguem às mãos de quem precisa, pois os preços continuam em queda", alertou.

 

Para Ferreira, seria uma obrigação do governo ajudar o setor, tentando enxugar o excesso do produto no mercado, que já ultrapassa 1 bilhão de litros. O preço médio para os produtores está entre R$ 0,54 e R$ 0,56 no mercado. Porém, lideranças do segmento conseguiram a aprovação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de uma LEC para o setor, no valor de R$ 15 milhões por empresa, que poderá auxiliar a redução de oferta no mercado, considerou.

 

Mas, por outro lado, o dirigente apontou que muitas empresas não terão acesso fácil à LEC. "Os R$ 15 milhões ainda se trata de um valor reduzido, mas já foi uma vitória passar de R$ 10 milhões para este montante nos últimos três meses. No momento, o segmento leiteiro está agonizando e precisa de apoio governamental para sobreviver", alertou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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