Locar tira ‘s’ da crise e segue investindo

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Na quinta-feira o empresário Julio Eduardo Simões, dono da Locar Transportes e Guindastes, uma das maiores empresas de movimentação de cargas especiais do País, passou o dia inteiro em Vitória para assinar escritura de um terreno de 15 mil metros quadrados localizado em Serra (ES) que comprou pelo valor de R$ 1,8 milhão - R$ 1 milhão de entrada e R$ 800 mil parcelados.

 

Dois dias antes o empresário fechou negócio com o Estaleiro Rio Maguari, de Belém, para a construção de duas balsas no valor de R$ 10,5 milhões.

 

Julio Eduardo Simões decidiu cortar a letra ‘s’ da palavra crise para seguir em frente com os negócios. "Cansei de escutar a palavra crise da boca de um consultor. Sem o ‘s’, crise virou crie. É o que estou fazendo. Afinal, trabalho para clientes fortes na área de mineração e exploração de petróleo e não podemos ter medo."

 

Filho do empresário Julio Simões, criador da Julio Simões Transportes e Serviços, dirigida por Fernando Simões - Julio Eduardo Simões fez carreira solo e vive verdadeiro ‘boom’ na Locar, que fechará 2008 com faturamento de R$ 345 milhões, simplesmente 90% a mais do que em 2007, com R$ 182 milhões. "No mínimo vamos chegar a R$ 450 milhões em 2009", diz.

 

Para enfrentar a expansão - a Locar opera com 1,7 mil empregados e terá 2 mil no próximo ano - Julio Eduardo Simões continua investindo pesadamente. Depois de injetar R$ 250 milhões em 2008 já programou R$ 200 milhões em 2009.

 

Dinheiro caro

 

A crise financeira mundial dificultou o crédito. "Depois de muito negociar, conseguimos, por exemplo, uma linha de R$ 20 milhões junto a um banco pagando juros com taxa bem maior do que pagávamos antes. Aceitamos com uma condição: que o contrato fique sem efeito caso consigamos taxas menores no mercado".

 

Se no apoio logístico às operações de exploração de petróleo e mineração, a Locar continua investindo fortemente, no setor de construção civil houve um breque. "Suspendemos a compra de grandes guindastes até que a situação fique mais clara."

 

Estrutura da empresa

 

A Locar, com 20 anos de atividades, tem capital 100% brasileiro, emprega 1,7 mil funcionários entre matriz, em Guarulhos (SP) e as bases. "Só gostamos de nos instalar em locais próprios", diz Julio Eduardo Simões. Tanto a matriz como as bases de Belo Horizonte, Camaçari, Pojuca e, agora, em Serra (que estará em condições de operar no primeiro semestre) são próprias. "Atribuo essa preferência aos meus antepassados portugueses. Eles, regra geral, detestavam pagar aluguel". Nessa linha, o próximo passo é comprar uma área no Rio de Janeiro. "Está difícil, mas encontraremos um terreno."

 

Posição no ranking

 

No ranking 2007 da Cranes Today, publicação especializada em guindastes, a Locar ocupou a 29ª posição entre as maiores do mundo e foi a única representante da América Latina.

 

Sua carteira tem cerca de duas centenas de clientes ativos com destaques para Petrobras, Braskem, Vale, Caraíba, Usiminas, CNO, Alumar, Camargo Corrêa e Petroquímica União.

 

A Locar tem hoje frota de cerca de sete centenas de equipamentos entre guindastes telescópicos e treliçados sobre pneus e esteiras; cavalos mecânicos (com capacidade de 40 a 500 toneladas) e carretas de vários tipos.

 

Rotina e estresse

 

Segundo Julio Eduardo Simões a crise tornou a situação mais favorável para o comprador. "Até recentemente estava uma loucura. A compra de guindastes no mundo, por exemplo, tinha prazo de três anos para entrega. Agora, com as desistências, já há oferta no mercado".

 

A rotina de Julio Eduardo Simões é estafante. Viaja praticamente sem parar o País quase inteiro. "Não posso ter medo, mas, confesso, por vezes a crise assusta. Tem ocasiões que viro, viro na cama e custo a dormir", diz, para arrematar. "Para vencer o medo temos que ser criativos e deixar de pensar em crise."

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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