Chocolate deve receber selo de "saudável" na UE

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A Europa chegou mais perto de dar uma aura de saúde ao chocolate amargo. Ontem, a maior fabricante de chocolate do mundo, a Barry Callebaut , obteve o apoio da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos para sua alegação de que pigmentos do cacau conhecidos como flavonoides podem ser bons para a circulação sanguínea.

Embora a solicitação da empresa para usar o rótulo de alimento saudável ainda tenha que ser aprovada pela Comissão Europeia, a bênção da agência indica que fabricantes de doces como Nestlé e Kraft Foods, dona da marca Cadbury, poderão em breve acrescentar a afirmação aos rótulos de alguns de seus chocolates.

A decisão final deve sair no começo do ano que vem.

Para amparar sua solicitação, a empresa suíça submeteu no ano passado evidências de que o consumo de 200 miligramas por dia de flavonoides de cacau, compostos que também podem ser encontrados no chocolate amargo, contribuem para uma circulação normal. Trata-se de uma pequena porção, pois 200 miligramas de flavonoides de cacau poderiam estar contidas em meras 10 gramas de chocolate amargo com alta concentração da substância.

Os flavonoides mostraram que reduzem a pressão arterial, melhoram a circulação sanguínea e diminuem os riscos de doenças cardíacas pelo menos em parte ao estimular a produção de óxido nítrico, que relaxa os vasos. A Barry Callebaut conduziu mais de 20 estudos clínicos que analisaram os efeitos dos flavonoides de cacau em pessoas desde 2005, usando pó de cacau e produtos achocolatados feitos através de um processo especial que a empresa desenvolveu e que preserva até 80% dos flavonoides. A substância seria na sua maior parte destruída pelos procedimentos convencionais de fabricação de chocolate.

Ao receber sinal verde da autoridade reguladora dos alimentos na Europa, a Barry Callebaut torna-se a primeira empresa nos 27 países membros do bloco a obter uma validação dos efeitos positivos dos flavonoides de cacau. Se a fabricante de chocolate conseguir a aprovação da Comissão Europeia, ela ganhará o direito de usar a alegação sobre flavonoides de cacau por cinco anos na União Europeia.

Vender alimentos com alegações sobre saúde e bem-estar virou um nicho cada vez mais importante para empresas alimentícias, que cobram mais caro por esses produtos, na esperança de compensar as vendas enfraquecidas pelo crescimento lento da Europa. No mercado europeu, os produtos de marca perdem espaço para as alternativas mais baratas. Estima-se que o mercado mundial para alimentos e bebidas saudáveis crescerá de US$ 601 bilhões em 2010 para US$ 691 bilhões em 2015, segundo a Euromonitor International.

Ganhar o direito de afirmar que um alimento é saudável não é fácil e pode dar à Barry Callebaut e seus clientes uma vantagem competitiva considerável, disse Patrick Hasenboehler, um analista do banco Sarasin em Zurique. "Toda empresa de alimentos gostaria que seus produtos apresentassem um benefício para a saúde e, se você recebe uma permissão como essa, isso pode ajudá-lo a se diferenciar de seus concorrentes", diz Hasenboehler.

As fabricantes de alimentos adotaram essa estratégia porque ela permite às empresas distinguir seus produtos e cobrar mais ao adicionar suplementos saudáveis, ou ao reformular os produtos com um teor menor de ingredientes nocivos como gordura saturada. Essas alegações de saúde valem bilhões de dólares em vendas anuais.

As gigantes dos alimentos estão enfrentando uma concorrência crescente das marcas próprias de varejistas, produtos mais baratos que os consumidores às vezes preferem em tempos difíceis e de orçamentos pessoais apertados em países atingidos por medidas de austeridade.


Veículo: Valor Econômico


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