A greve dos caminhoneiros, iniciada na quarta-feira passada, e que nos últimos dias parou o trânsito em importantes trechos de rodovias federais que cortam o Estado, já compromete o prazo de entrega de algumas mercadorias nos supermercados. Embora ainda não seja possível mensurar prejuízos, algumas redes estimam que, no momento, até 10% das encomendas estejam atrasadas. A paralisação afeta, sobretudo, produtos perecíveis, que exigem refrigeração e manutenção da temperatura para não perderem a qualidade, como carnes e hortifrútis.
A rede ABC, com 23 lojas espalhadas por três regiões mineiras - Centro-Oeste, Sul e Triângulo -, revela que, na última semana, não recebeu 5% das mercadorias encomendadas e que, por isso, alguns produtos já começaram a sumir das prateleiras. O executivo de Vendas, Marketing e Comércio Exterior, Thúlio Fernandes Martins, teme precisar aumentar os preços, caso o abastecimento não retome, em breve, a normalidade. "Quando a procura supera a oferta não há alternativa senão elevar os valores praticados", lamenta.
Ele destaca que a falta de itens considerados essenciais na mesa do brasileiro, como o tomate, segundo Martins o mais afetado pela greve, pode também prejudicar a imagem do estabelecimento com o consumidor. "Quando o cliente vai ao supermercado, ele espera encontrar tudo o que precisa em um só lugar. Com isso, caso determinada rede passe a não atender mais suas necessidades, a tendência é que ele comece a recorrer cada vez mais aos concorrentes", frisa.
O proprietário dos Supermercados Horta, Gumercindo Horta, com lojas nas regiões Nordeste e Norte da Capital, estima que 10% das entregas, que deveriam ter sido feitas entre o fim da última semana e o início desta, ainda não foram realizadas. Ele revela que, na quarta-feira passada, o consumidor começou a notar a falta de produtos hortifrúti, arroz e leite. Para evitar reclamações dos clientes e outras conseqüências mais graves, Horta passou a recorrer à Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) e a outras redes atacadistas para reforçar os estoques e contornar o problema.
Atrasos - Já o Supermercado Sales, que atua em nove diferentes praças, registrava, até ontem, atrasos de até cinco dias na entrega das mercadorias. De acordo com a diretora comercial Patrícia Becho Almeida, os produtos perecíveis são os mais afetados, pois quando chegam após a data prevista para entrega, ficam impróprios para consumo. Embora ainda não saiba de quanto será o prejuízo total, ela observa que, por enquanto, não há necessidade de reajustar os preços, uma vez que "a rede tem condições de estoque para acompanhar os valores de mercado".
Com o objetivo de amenizar e se recuperar dos danos acumulados nos últimos dias, Patrícia Becho Almeida informa que a rede está alterando seus processos de logística. Dessa maneira, novos prazos para entrega estão sendo estabelecidos com os fornecedores. Simultaneamente, a empresa se organiza internamente para receber as mercadorias em dias e horários diferentes dos habituais.
Mas a paralisação dos caminhoneiros não afetou todas as redes. O Verde Mar e o Super Nosso, por exemplo, afirmaram que a reposição continua normal. Contudo, o gerente operacional da rede Super Nosso, José Wenilton Fialho, torce para que a paralisação se encerre o quanto antes. Caso contrário, ele adianta que a rede deve se reunir e traçar estratégias para afastar possibilidades de perda.
Veículo: Diário do Comércio - MG