Preço limita a expansão do mercado de orgânicos

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O preço ainda é o grande limitador da expansão do consumo de produtos orgânicos no Brasil, segundo os especialistas no assunto. Nem todos se dispõem a pagar R$ 4 por um pé de rúcula que é vendido a R$ 1,50 na maioria dos supermercados e feiras. Mas os três sócios que se uniram para montar o Mercado Apanã parecem ter encontrado a fórmula para equacionar esse problema. Nas prateleiras do novo mercadinho, que também é restaurante e café, situado na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, um acordo com os fornecedores de hortaliças, fundamentado no conceito de comércio justo, permite que vendam verduras cultivadas sem pesticidas a R$ 1,50 o pé.

"Nosso posicionamento é o de ser o mercado de orgânicos mais barato de São Paulo", resume o economista Thomas Brieu, que junto com o também economista Daniel Pascalicchio e o administrador Miguel Carvalho investiu R$ 600 mil, em recursos próprios, no empreendimento. O negócio já nasceu com meta de se tornar um modelo diferenciado de franquia e de conquistar clientes corporativos - entregando para restaurantes, escolas, hotéis e academias. "Nosso objetivo no primeiro ano é ter pelo menos quatro clientes em cada um desses grupos", afirma Pascalicchio. Segundo ele, o retorno do capital investido deve vir a partir de maio de 2013.

A necessidade de administrar 90 fornecedores, quase todos pequenos produtores artesanais ou agricultores do cinturão verde de São Paulo, demanda habilidades gerenciais. "Precisamos discutir como preparar novos fornecedores, porque podemos enfrentar no curto prazo um apagão de mão de obra na produção de orgânicos", acredita Pascalicchio.

Os números de crescimento e potencial de expansão comprovam essa tese. O mercado mundial de produtos orgânicos já movimenta anualmente mais de US$ 60 bilhões e cresce em média de 30% ao ano. No Brasil, segundo a Apex-Brasil, os negócios ligados à alimentação orgânica devem crescer 46% até 2014, capitaneados pelas bebidas, que registram aumento anual médio de 38%.

O principal desafio de quem está entrando no segmento, segundo Pascalicchio, é a logística dos produtos. No caso de hortaliças, o vaivém das mercadorias pode representar até 40% do custo. "Temos apostado em novos produtores da região de Guararema e Itatiba, ajudando-os a desenvolver a produção. Hoje, somos abastecidos por quatro famílias de Ibiúna, mas há necessidade de formar novos fornecedores", afirma o economista.

Mas o Apanã não é só verduras e legumes. Alimentos funcionais, grãos, farinhas integrais e dermocosméticos são a aposta para chamar clientes. Há vinhos orgânicos e leites importados, como o de arroz, cuja versão francesa é mais barata que a brasileira. "Nossa proposta é ser um 'atacavarejo', e logo teremos tudo vendido pela internet, com sites diferentes para alimentos, bebidas e cosméticos", informa Brieu.

Do outro lado da cidade, na zona sul, a Ponto Verde já tem quase três décadas de experiência nesse ramo. A empresa tem ligação com a Fazenda Demétrio, em Botucatu, uma das pioneiras no cultivo de orgânicos. Para facilitar a vida da clientela, a loja monta três tipos de caixas com verduras e legumes. Os produtos são entregues às terças-feiras, para garantir a qualidade, já que são colhidos no dia anterior. Cinco fornecedores garantem o abastecimento de 120 entregas em domicílio por semana, 15% a mais do que há dois anos.

"Da década de 80 para cá, a cidade mudou muito, diminuiu a presença do consumidor no ponto de venda e, em contrapartida, aumentou a demanda por serviços de delivery", afirma Fernanda Dantas, gerente da Ponto Verde. "Temos clientes assíduos, que fazem compras semanais e não sabem qual o endereço da loja."

É de olho nesse público que a arquiteta Juliana Pelegrinio Lemos Trigo colocou no ar em 2009 a loja virtual Organic Delivery. A ideia exigiu investimento de R$ 50 mil. Os pedidos são encaminhados diretamente aos produtores e entregues na casa dos clientes duas vezes por semana.



Veículo: Valor Econômico


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