A movimentação do varejo paulistano se manteve moderada na primeira quinzena de setembro. Na comparação com igual período de 2011, as vendas a prazo cresceram 3% e as transações à vista recuaram 2,3%, aponta balanço da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), baseado em amostra de dados da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Na mesma base de comparação entre períodos, a renegociação das dívidas em atraso foi maior que o volume de novos registros de inadimplência na capital paulista.
"Apesar dos dados ainda moderados, esperamos aumento nas vendas com a redução da taxa de juros e dos depósitos compulsórios anunciados pelo Banco Central", comenta o presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato.
As vendas a prazo já dão sinais de reação, segundo análise do economista Emilio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da ACSP. Ele explica que o crescimento de 3% foi favorecido pela manutenção da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis, produtos da linha branca e materiais de construção.
'Esperamos aumento nas vendas coma redução da taxa de juros e dos depósitos compulsórios', disse Rogério Amato, presidente da ACSP e da Facesp. - L.C.Leite/ LUZ
Otimismo – "O indicador também reflete a melhora do otimismo do consumidor", diz o economista, em referência ao resultado, recém-divulgado pela ACSP, de pesquisa que trouxe essa constatação. Sobre o recuo de 2,3% nas vendas à vista (na comparação entre as quinzenas de 2012 ante 2011), Alfieri comenta que a permanência das temperaturas quentes ainda não favoreceu as vendas da coleção de moda Primavera-Verão. Tradicionalmente, vale lembrar, é o consumo de roupas, calçados e acessórios que incrementa o volume dessa modalidade de pagamento. Além disso, acrescenta o economista, a base de comparação (os primeiros 15 dias de setembro de 2011) é forte. Naquele ano, segundo ele, o clima ainda frio do período estimulava a comercialização das coleções de inverno.
"É importante ressalvar, no entanto, que esses dados da venda à vista não podem ser projetados para o desempenho do mês de setembro como um todo", alerta.
O mesmo raciocínio vale para a análise da primeira quinzena de setembro, na comparação com igual período do mês de agosto. "A queda do ICH, que reflete as vendas à vista dos produtos de menor valor, é devida à sazonalidade. A base de comparação é forte, porque na primeira quinzena de agosto aconteceu o Dia dos Pais", justifica Alfieri.
Inadimplência – Os indicadores da inadimplência, nessa comparação mensal, ainda sinalizam para a alta dos registros recebidos. "O pagamento do 13º salário para os aposentados deverá melhorar essas estatísticas, até o final do mês, porque eles ajudam os filhos e netos a pagar as suas dívidas", afirma.
Já na comparação anual (primeira quinzena de setembro ante igual período de 2011), o crescimento mais robusto da recuperação de crédito (3,2% ante 2,5% dos novos registros), sinaliza para uma queda da inadimplência, comenta Alfieri.
Veículo: Diário do Comércio - SP