A Goiás Verde Alimentos, produtora de atomatados e vegetais em conserva de Luziânia (GO), comprou a Brasfrigo, dona das marcas Jussara, Jurema e Tomatino, que também tem fábrica em Luziânia. O negócio, fechado ontem, dá à empresa goiana capacidade para atender 50% do mercado de milho doce em conserva.
Segundo uma pessoa que acompanhou a negociação, a Brasfrigo foi avaliada em R$ 120 milhões, mas o negócio foi fechado por um valor menor, não revelado.
O acordo seria anunciado na semana passada, porém uma dívida da Brasfrigo com a empresa de embalagens Tetra Pak atrasou a assinatura.
A aquisição faz parte do movimento de consolidação num mercado que movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano no país e ainda é pulverizado, com fortes marcas regionais, como a Goiás Verde, da família Boni. Já a Brasfrigo nunca foi a prioridade da família Pentagna Guimarães, dona do banco BMG.
O setor atrai a atenção dos fabricantes multinacionais, o que também coloca mais pressão sobre os produtores locais. Em dezembro de 2011, a Bunge comprou a Etti, da Hypermarcas, que produz em Araçatuba (SP). Em março do ano passado, a Heinz, que até então não tinha produção própria no Brasil, adquiriu a Quero, com unidade em Nerópolis (GO).
Antes disso, em setembro de 2010, a Cargill desembarcou no mercado de atomatados com a compra das marcas Pomarola, Tarantella, Elefante e Pomodoro da Unilever, junto com a fábrica de Goiânia (GO). Em 2009, a Bonduelle deu início à produção local com a instalação de uma unidade em Cristalina (GO).
A Brasfrigo, fundada há 37 anos, havia encerrado suas operações em julho. Foi uma das maiores empresas do setor, ao lado das multinacionais Bunge, Cargill e Heinz, e das brasileiras Fugini, Predilecta e Angelo Auricchio (marca Olé). Com o desaparecimento das marcas Jussara, Jurema e Tomatino das prateleiras na metade do ano, a Quero foi a mais beneficiada. "Eles [Heinz] apresentaram relação custo-benefício semelhante à da Brasfrigo e conquistaram um espaço maior", diz um executivo do varejo. Em vegetais, outra grande competidora é a JBS (Swift).
Em 2011, a Brasfrigo nomeou um comitê gestor para reestruturar a empresa, que pertence à holding Comercial Mineira, onde estão os negócios não financeiros dos Pentagna Guimarães. Em entrevista ao Valor em novembro do ano passado, os diretores Fabiano Blanc e Cláudio Villar, que integravam o comitê gestor da Brasfrigo, disseram que a fabricante encerraria o ano com a receita líquida de R$ 190 milhões (10% inferior à de 2010) e com prejuízo 28,6% menor, de R$ 55 milhões. Há um ano, sua dívida era de R$ 32 milhões.
Veículo: Valor Econômico