Goiás Verde planeja dobrar a produção

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Depois de três meses de paralisação, a fábrica da Brasfrigo em Luziânia (GO) voltou a funcionar ontem, sob nova direção. Conforme antecipou o Valor, a fabricante de atomatados e conservas foi comprada na segunda-feira pela Goiás Verde, que atua no mesmo ramo e também tem sede em Luziânia. A distância entre as duas unidades fabris é de 30 quilômetros.

Segundo o presidente da Goiás Verde, Paulo Boni, foi reiniciada a produção de polpa de tomate, que exige pouco pessoal. "Com o passar do tempo, vamos retomar a fabricação das demais linhas de produtos", afirmou. Em julho, a empresa demitiu 200 funcionários e manteve outros 200 para cuidar da manutenção e estoques. "Vamos readmitir esse pessoal", acrescentou Boni.

O valor do negócio não foi informado, mas ficou abaixo dos R$ 120 milhões, apurou o Valor. Com a aquisição, a Goiás Verde pretende dobrar a sua produção. "Se não fosse a compra da Brasfrigo, teríamos que aumentar a capacidade instalada para atender os novos mercados", diz Boni. A empresa atua no agronegócio com fertilizantes, produtos agrícolas e industriais. Pertencente à família Boni, tem 16 mil hectares de áreas cultiváveis em Goiás. "Respondemos por 18% da produção nacional de milho e tomate", diz Boni. O grupo prevê um faturamento de R$ 700 milhões este ano. Só a divisão industrial deve faturar R$ 300 milhões, uma alta de 65% sobre 2011.

A disparada nas vendas se deve à expansão da distribuição da Goiás Verde, que este ano desembarcou no Estado de São Paulo e aumentou sua presença no Norte e Nordeste. Segundo Boni, o Norte e o Nordeste já representam 25% das vendas da companhia. Além disso, a Goiás Verde deu novo impulso à produção de atomatados, com as marcas Bonare e Tomadoro.

De acordo com a consultoria Euromonitor, as vendas no varejo dos vegetais em conserva devem crescer 4% este ano, para R$ 2,5 bilhões. Em purê e extrato de tomate, está previsto recuo de 7,6% em 2012, para R$ 811,5 milhões. Em compensação, a demanda por molhos prontos (não só de tomate) está em alta: vendas de R$ 1,8 bilhão em 2012, segundo a Euromonitor, o que vai representar um aumento de 15,7% sobre o ano passado.

As variações reforçam a tendência de mercado em torno das comidas prontas, mais práticas. O recuo nas vendas de extrato de tomate e purê indicam que o consumidor está cada vez menos disposto a gastar tempo na elaboração de receitas: prefere só aquecer o molho para acompanhar massas ou carnes. A aposta nos molhos, sopas e pratos prontos é crescente entre os principais concorrentes em atomatados e vegetais em conserva, como a Heinz (Quero), Bunge (Etti), Cargill (Pomarola, Tarantella), Fugini e Predilecta.

A Brasfrigo é uma das maiores fabricantes nacionais de vegetais em conserva com as marcas Jussara e Jurema, e também produz os atomatados Tomatino e Terra Bella, mas os ex-controladores não consideravam o desenvolvimento do negócio prioridade. A empresa, que pertencia à família Petagna Guimarães, dona do banco BMG, tinha dívidas de R$ 32 milhões ao fim de 2011, que não foram assumidas pela Goiás Verde. A companhia encerrou 2011 com receita líquida em torno dos R$ 190 milhões e prejuízo de R$ 55 milhões.



Veículo: Valor Econômico


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