"Gosto de casa de vó" é a definição dada pelo proprietário da Gosto do Cerrado Sorvetes para o sabor dos seus produtos. Apelando para as doces lembranças daqueles que passaram a infância entre os quintais das casas dos avós e tios no interior, a empresa com sede em Montes Claros, no Norte de Minas, já planeja expandir os negócios pelo modelo de franquias.
São propostos dois modelos. Um é a loja de rua, de 150 metros quadrados. Outro é a loja de shopping. O empreendedor que quiser investir vai receber treinamento, manuais da franquia e boas práticas, e o estoque inicial. Segundo o proprietário da empresa, Luciano Magalhães, o investimento total deve girar em torno de R$ 350 mil.
"Queremos parceiros que sejam investidores e não aqueles que vão abandonar suas atividades atuais para ficar à frente do negócio. Junto com a Gosto do Cerrado quero oferecer ao parceiro qualidade de vida e sustentabilidade. Ele também deve estar consciente de que terá que seguir as mesmas regras e ações de responsabilidade socioambiental que preconizamos", explica Magalhães.
A primeira unidade em centro comercial foi aberta no Shopping Montes Claros. Belo Horizonte receberá a primeira em janeiro de 2013. A região ainda não foi definida.
A empresa surgiu da vontade do empresário Luciano Magalhães, então executivo da área comercial em Salvador (BA), de ficar mais perto da família. O negócio aposta na recuperação de antigos sabores e saberes do cerrado mineiro, no comércio justo e em ações de marketing direto como meios de consolidação. Com pouco mais de três anos, a Gosto do Cerrado, que tem pouco mais de três anos, conta com duas unidades, emprega dez pessoas e produz uma tonelada de sorvetes e picolés por mês.
"Existiam muitas oportunidades em Montes Claros, mas procurávamos uma ideia com a qual nos identificássemos, que pudéssemos trabalhar em conjunto e que já viesse imbuída dos conceitos de responsabilidade socioambiental. Pensamos no setor de alimentação e o sorvete surgiu porque percebemos que a cidade não oferecia ao consumidor um produto e uma casa padrão premium", relembra o empresário.
Pesquisa - Antes de abrir a empresa, durante 20 meses Magalhães investiu em pesquisa para escolher os sabores, identificar fornecedores e fazer o plano de negócios. Hoje são mais de 20 variedades de frutos exóticos como coquinho azedo, umbu, baru, juriti, maracujá de veado, entre outros, e mais de 80 produtos. Além de outros típicos mas mais populares em outras regiões do país como a jaca e o pequi.
"Há 15 anos conheci muitos produtores rurais quando trabalhei na região com perfuração de poços artesianos. Em 2009, quando voltei, contei com a amizade e o conhecimento deles. Resgatamos alguns frutos que estavam praticamente desaparecidos por causa da coleta predatória ou pelo próprio desinteresse das pessoas", explica.
Para garantir o fornecimento das frutas, Magalhães formou uma rede em parceria com pequenos proprietários que, com base nos conceitos de sustentabilidade e comércio justo, plantam e fazem coleta das frutas e ervas sem a utilização de agrotóxicos ou qualquer outra técnica predatória. Como resultado, além do fornecimento da melhor matéria-prima, Magalhães aponta a fixação dos agricultores no campo, a revalorização de antigos hábitos e saberes, a inserção desses produtores no mercado e a justa remuneração.
"Com a produção organizada eles podem ganhar mais porque há compradores fixos, conquistam mais clientes porque utilizam técnicas mais modernas e benquistas pelo mercado, e valorizam antigas tradições que marcam e individualizam a região", avalia o empresário.
Marketing - Para conquistar os consumidores, Magalhães aposta nas ações diretas, promove degustação nos sinais de trânsito, vai às escolas e, com o sucesso, já foi convidado pela Macro Norte do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Minas Gerais (Sebrae-MG) para ministrar palestras para outros empresários.
"Gosto desse contato direto com o público, fazemos questão que os nossos funcionários conheçam o produto com o qual trabalham e é dessa maneira que também vamos apresentá-lo em Belo Horizonte e outras cidades que chegarmos. O objetivo é que, em cada cidade, também possamos desenvolver sabores, nos integrarmos à economia regional e reaplicar o modelo que deu certo em Montes Claros", completa.
Veículo: Diário do Comércio - MG