Massa para macarrão é o negócio da família de Patrícia Macedo Costa há quase um século. Foram as receitas de sua bisavó, uma italiana chamada Josefina, que deram início à empresa que hoje é líder em seu setor em Minas Gerais. A Vilma Alimentos deve faturar quase R$ 500 milhões este ano e prepara-se para entrar em novos mercados.
Há três meses na presidência da empresa, Patrícia, de 33 anos, está à frente dos projetos de ampliação. Pelo seu roteiro, as mudanças devem começar daqui a dois anos quando a situação econômico-financeira estiver mais equilibrada.
Ela fala em crescimento por meio de construção de mais linhas de produção ou por meio de aquisições. "A certeza é que com a melhora da situação econômico financeira, em dois anos teremos de fazer novos investimentos, que poderão ser na ampliação de nossa atuação para mercados como o de biscoitos, cereais, farinhas lácteas ou atomatados", disse Patrícia ao Valor numa das mesas do Café da loja-conceito da Vilma recém-inaugurada em Contagem - no mesmo terreno da fábrica.
Com 1.050 produtos, a Vilma atua principalmente na produção de farinha para padarias e uso doméstico, massas de forma geral, refrescos, temperos e misturas para bolos e outras sobremesas.
Nos últimos sete anos, a empresa investiu R$ 155 milhões em modernização, automação, no centro de distribuição e na aquisição da marca Pirata, de temperos. "A nossa vantagem é que não deixamos de investir mesmo com a freada da economia em 2008", diz ela. "Hoje temos a possibilidade de ampliarmos nossa produção em 45%."
Patrícia avalia também a possibilidade de a empresa intensificar a presença nos segmentos onde já atua por meio de aquisições ou por construção de nova planta. Suas vendas hoje se concentram em Minas Gerais e também no Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro, onde mantém filiais de distribuição. Seus produtos chegam, em menor escala, a São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e até no Amazonas, entre outros Estados, com a marca Vilma ou sob a marca de terceiros.
A Vilma atende a 20 mil pontos de venda no país e faz 38 mil entregas mensalmente.
Patrícia conhece a empresa desde os 18 anos. Passou por diversas áreas e em agosto assumiu a presidência dias depois da morte de seu pai, Domingos Costa, num acidente de avião. Formada em administração de empresas, tem um MBA em Marketing e uma pós-graduação em Finanças. Patrícia representa a quarta geração da família na empresa, cuja primeira fábrica de massas foi fundada em 1925 pelo casal Domingos e Josefina em Belo Horizonte. O nome Vilma foi uma homenagem a uma das filhas.
A companhia deve fechar o ano com um faturamento de R$ 470 milhões e em 2013, a projeção é chegar a R$ 550 milhões.
A executiva olha para a dívida da empresa ao falar do futuro. Pelo seu cronograma, em dois anos a dívida financeira líquida em relação ao Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegará à confortável marca de - 0,32. A dívida financeira mais a dívida fiscal líquida em relação ao Ebtida ficaria abaixo da marca de 1 em três anos.
"A nossa intenção é investir, não é ficar sentado em cima do caixa", diz Patrícia. Antes de planos maiores, a Vilma tem programados investimentos de R$ 7 milhões na ampliação da capacidade de estocagem de trigo em Cambé (PR).
A empresa está quase de ponta a ponta no negócio de massas e farinhas; define os tipos de sementes para produzir trigo; tem silos, moagem e fabrica produtos finais. Isso garante mais controle sobre o produto e mais qualidade, diz Patrícia.
O último lançamento da empresa foi há cerca de dois meses: uma massa feita com manjericão da linha Giuseppina - uma homenagem ao nome original da bisavó italiana de Patrícia.
Veículo: Valor Econômico