Pessoas: cuidar hoje para tê-las amanhã

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As perdas atuais e futuras causadas pela crise econômica e financeira que assusta o mundo todo estão sendo calculadas e recalculadas por especialistas em números de diversas partes do planeta. Avaliam-se em trilhões de dólares os impactos negativos da recessão, da qual, segundo as estimativas mais pessimistas, poucos sairão ilesos. Mas quase nada tem sido falado sobre como calcular o potencial da crise em termos de gestão de pessoas.

 

Sabemos que todas as empresas precisarão rever seus planejamentos estratégicos, atualizar planos de expansão e que, infelizmente, estas decisões passam por redimensionar os quadros de pessoas e, eventualmente, demitir. Mas é muito importante que as empresas tenham cautela e não tomem decisões apressadas. Definitivamente, não se trata de sair cortando gente de uma hora para outra, no susto. É preciso ter em mente um plano estratégico para a gestão de pessoas nos diversos momentos da crise - em curto, médio e longo prazos.

 

É fundamental pensar que, com crise ou sem crise, pessoas são sempre um diferencial competitivo e que, à medida que a economia for se reequilibrando, será necessário dispor das pessoas certas, nas posições certas, para dar conta da virada que certamente há de vir. Assim, demitir sem critério ou suspender de forma drástica processos de contratação pode parecer a melhor decisão para este primeiro momento, mas pode também fragilizar a empresa no médio e longo prazos.

 

Uma pergunta crucial que as empresas não podem deixar de se fazer é: "Que imagem estou projetando para o mercado se, na hora da dificuldade, a primeira coisa que eu corto são pessoas?". Esta pergunta deve ser feita tanto do ponto de vista interno quanto externo. "Como meus colaboradores se sentirão ao perceber que, diante do aperto, eles são os mais facilmente descartáveis?" "Como minha empresa passará a ser vista como contratante se o primeiro recurso de que ela se vale para se proteger da crise é demitir ou não admitir pessoas?"

 

E se essas perguntas não forem suficientes para se ter uma dimensão da complexidade destas decisões, imagine aquele talento que você, empresa, lutou tanto para conquistar, sendo cortado logo na primeira onda da crise... Mais do que isso: imagine quando a crise passar e você precisar de alguém exatamente com aquele perfil, qual será o grau de dificuldade de atrair de volta alguém com este nível.

 

É preciso considerar ainda o fato de que os colaboradores internos tendem a ficar inseguros ao observarem a atitude da empresa com relação aos cortes, o que pode gerar a saída espontânea de talentos, atraídos por empresas que ofereçam mais segurança e tenham políticas de valorização de pessoas mais sólidas.

 

Sempre haverá empresas à procura de talentos, inclusive para estarem preparadas para a retomada do crescimento pós- crise. Ou seja, apesar da crise (e talvez mais ainda por causa dela) a capacidade de atrair e reter talentos continuará sendo fator decisivo no sucesso de uma companhia. Naturalmente, quem souber gerir os talentos de que dispõe e manter suas equipes atualizadas e motivadas terá muito mais facilidade de se recuperar quando esta onda passar.

 

Nadar em mar calmo não é difícil, mesmo para aqueles que sabem apenas dar umas braçadas sem sincronia. Mas quando ondas maiores agitam as águas, é preciso equilíbrio, força, paciência e fôlego. Isso significa ter pessoas capazes de resistir às intempéries cortando custos, sim, mas sendo criativas e otimistas, gerando soluções onde muitos vêem apenas os problemas.

 

Mas pessoas com este grau de "condicionamento" não são desenvolvidas de uma hora para outra. É preciso tempo, constância. Mesmo em períodos críticos. Em outras palavras, tratar bem as pessoas na crise, valorizando e sabendo reter talentos em todos os níveis, pode determinar quais serão as primeiras empresas a se destacarem no horizonte quando a tempestade passar e a bonança voltar.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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