Apesar da contração do crédito e das perspectivas de desaquecimento na demanda por bens duráveis e semi-duráveis, o Grupo Pão de Açúcar avalia que não é a hora ainda de abandonar os esforços feitos nos últimos três ou quatro anos para elevar as vendas de não-alimentos da companhia. Diante da instabilidade nos mercados financeiros, os supermercados voltaram ser vistos pelos investidores como um porto-seguro por não dependerem da oferta de crédito e 'porque há pouca elasticidade na demanda por alimentos. Essa percepção fez com que as ações do Pão de Açúcar se valorizassem mais que os papéis de outras varejistas.
O grupo divulgou na noite de quarta-feira que suas vendas brutas em novembro cresceram 11,4% sobre igual período de 2007, em uma base comparável de lojas. Excluindo as diferenças de calendário (número de fins de semana e feriados), o aumento teria sido de 10%. O número mostra uma desaceleração em relação a outubro, quando as vendas nas mesmas lojas do grupo haviam aumentado 13,9%. As vendas de não-alimentos aumentaram 10,5% em novembro, bem menos do que o percentual registrado em outubro, quando essa categoria cresceu 19,3%.
Durante a crise do "apagão", entre 2001 e 2003, a demanda por eletroeletrônicos desabou e a varejista deu ênfase aos supermercados. Na época, o grupo até cogitou vender a Eletro, rede de lojas de eletroeletrônicos . O cenário mudou com a expansão do crédito a partir de 2005 e, ao longo dos últimos anos, o Pão de Açúcar reforçou sua divisão de não-alimentos e firmou uma sociedade com o banco Itaú na área de crédito.
Segundo o vice-presidente de operação do Pão de Açúcar, José Roberto Tambasco, quando o crédito começou a se expandir novamente, as pesquisas apontavam para um crescimento de 15% ao ano na demanda por itens não-alimentícios. Apesar da recente mudança no cenário econômico, esse ciclo ainda não chegou ao fim. "Ainda é esperado que o consumo de não-alimentos cresça mais do que a demanda por alimentos", diz Tambasco.
Segundo ele, há uma maior uniformidade no comportamento das vendas em todas as regiões, ao contrário do que ocorreu em 2007. No Rio de Janeiro, por exemplo, a companhia vinha apresentando um desempenho pior, mas, atualmente, o Estado não mais difere do restante do grupo.
A empresa abrirá neste mês, no Rio, as primeiras lojas com a bandeira Assai, formato conhecido como "atacarejo", misto de atacado com varejo. O Carrefour, que é dono do Atacadão, também abriu lojas com a sua bandeira de atacarejo no mercado fluminense neste ano. O formato, diz Tambasco, ainda é pouco difundido no Estado. As novas lojas do Assai no mercado carioca antes operavam com as marcas Extra e Sendas.
Veículo: Valor Econômico