Santa Marina é pressionada por importador

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O diretor-geral da Santa Marina, divisão brasileira de vidros para consumo doméstico do grupo francês Saint-Gobain, visitou na semana passada importadores no Oriente Médio. E o que mais ouviu foram pedidos de descontos. "Eles sabem que a moeda se desvalorizou no Brasil em relação ao dólar e querem renegociar os preços", diz o executivo francês Denis Simonin, que assumiu há um ano o comando da Santa Marina, uma das maiores e mais antigas fabricantes do país de copos, pratos e utensílios de vidro de cozinha. 

 

Cerca de 40% da receita da companhia, que fatura R$ 200 milhões por ano, vêm das exportações. Fundada há mais de 100 anos, a Santa Marina é dona das marcas Marinex (assadeiras), Duralex e Colorex (artigos de mesa) e é a única operação de artigos domésticos de vidro que o grupo Saint-Gobain mantém no mundo. Mas é esperado que a fabricante brasileira não fique por muito mais tempo com a multinacional francesa. 

 

A Santa Marina foi colocada à venda há cerca de um ano no mesmo pacote da divisão de embalagens de vidro (garrafas e potes). A Saint-Gobain decidiu sair desse mercado - conhecido no setor como vidro oco - em todo o mundo para se concentrar no setor de construção, segmento no qual o grupo tem feito uma série de aquisições. A multinacional é dona no Brasil da Telhanorte, uma das maiores varejistas de material de construção, e também está investindo nesse segmento no país. 

 

Com a crise financeira global, os planos da Saint-Gobain de se desfazer da área de vidros ocos empacaram e, por enquanto, não se sabe de alguma negociação em curso. A possibilidade de que a maior fabricante mundial, a multinacional americana Owens Illinois, se candidate à compra são remotas devido às leis antitruste, que barrariam a aquisição. 

 

Segundo Simonin, a Santa Marina não será vendida separadamente, mas sim com toda a divisão mundial de embalagens. 

 

Apesar desse processo, o grupo decidiu continuar investindo em suas fábricas para tornar o negócio mais sólido - e mais valioso. Em parceria com a DuPont, a Santa Marina lançou recentemente a primeira assadeira de vidro com teflon do mundo, cujas vendas estão superando as expectativas da fabricante. 

 

Neste momento, afirma Simonin, a decisão mais difícil será ceder ou não à tentação de reduzir os preços no mercado internacional, mas o executivo afirma que vai resistir às pechinchas. Isso porque, acrescenta, os preços no mercado brasileiro também não poderão ser reajustados na mesma intensidade da desvalorização do câmbio. 

 

"Quem aceita um aumento de 40%? O consumidor, com certeza, não", afirma. Encontrar essa "equação econômica", entre os preços internacionais e os preços no mercado interno, será crucial para a saúde financeira. Neste ano, devido à elevação dos custos das matérias-primas, a Santa Marina trabalha com uma margem pequena de lucro. 

 

Com a forte alta do dólar, as exportações voltaram a ser bem-vindas, mas o problema agora é encontrar compradores no exterior. A demanda no mercado internacional caiu muito após a crise. "O consumo ainda está melhor no Brasil", afirma Simonin. 

 

Veículo: Valor Econômico


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