Importação de lácteos continua a crescer

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Apesar da produção nacional recorde de 32,5 bilhões de litros de leite em 2012, 3% superior a do ano passado, as importações brasileiras de lácteos (leite em pó, longa vida, queijo e manteiga, entre outros) continuam a crescer e a incomodar o setor produtivo no país.

Segundo a Leite Brasil, associação dos produtores, entraram no país neste ano 1,32 bilhão de litros de janeiro a novembro deste ano, ante 1,26 bilhão no mesmo período de 2011. Somando-se dezembro, as compras deverão custar US$ 690 milhões em 2012, 13% a mais que no ano passado. As importações, a maior parte delas do Uruguai, são crescentes nos últimos cinco anos.

O presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, reconhece que o consumo nacional aumentou - são quase 34 bilhões de litros neste ano -, mas critica a agressiva concorrência externa ao se referir aos produtos que chegam em grande quantidade. Segundo ele, o Brasil já tentou estabelecer um acordo de cotas, com aceitação temporária da argentina e recusa uruguaia.

As importações de produtos uruguaios somaram US$ 200 milhões nos 11 primeiros meses deste ano, 53% mais que em igual intervalo de 2011, conforme dados Secex. Assim, o segmento insiste em limitar o comércio em 2013, e para isso aposta na subcomissão do leite na Câmara dos Deputados, que cobra atitudes eficazes dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento. "Do jeito que está não tem condições de ficar", diz o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS).

No mês que vem, os deputados vão votar na comissão de Agricultura e Reforma Agrária um pedido de convocação para que os ministros Mendes Ribeiro (Agricultura) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) esclareçam quais serão as metas para o setor lácteo nacional em 2013.

Enquanto isso, produtores e laticínios classificaram como benéfica a prorrogação da Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação de lácteos até o fim de 2014, com tarifa de 28% para o leite integral e desnatado, além de onze produtos derivados. A medida foi autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) nesta semana, "Não é uma solução, mas é um passo", diz Rubez.

A maior concorrência com os produtos importados acontece em um momento difícil para a pecuária leiteira, já que o preço pago ao produtor aumentou apenas 1,2% em relação ao ano passado e os custos de produção subiram 6,7% entre janeiro e outubro, conforme os últimos dados disponíveis da Scot Consultoria. A disparada dos preços do milho e do farelo de soja, componentes da ração animal, e a seca prolongada que afetou a recuperação das pastagens são apontados como os principais fatores para a alta. " A concorrência tem se tornado cada vez mais desleal", diz o deputado Moreira.

Os próprios produtores consideram que a saída para a crise da atividade está na redução de custos e no aumento de produtividade. Uma fonte do governo diz que não são os produtores que são pouco produtivos, mas sim os custos da cadeia leiteira que deixam o produto importado mais barato. "O produtor brasileiro recebe US$ 0,40 por litro do leite, praticamente o mesmo que o uruguaio. Porém, o nosso leite processado é mais caro. Isso acontece pelos altos custos da cadeia produtiva como diesel, energia, transporte e outros serviços", disse a fonte.



Veículo: Valor Econômico


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