As fabricantes brasileiras de papel iniciaram 2013 com anúncios de reajuste de preço de até 12%, para diferentes tipos do produto, diante do aumento dos custos desde o ano passado - repassado somente em parte ao consumidor final - e do atual equilíbrio entre oferta e demanda. A expectativa é a de que, desta vez, os índices sejam integralmente aplicados, já que as papeleiras tendem a ser menos flexíveis nas negociações. Em meados de 2012, produtores de papel-cartão, muito utilizado na confecção de embalagens, tentaram um reajuste superior a 10%, mas não conseguiram aplicá-lo integralmente.
"Toda a indústria está mais confiante, porque estamos muito pressionados", disse o diretor comercial da Ibema, Hélio Bustamante, em entrevista ao Valor PRO. Em e-mail enviado a seus clientes, a produtora paranaense de papel-cartão informou um aumento de 9% a 12% em todos os valores de sua tabela, com implementação em 1º de fevereiro.
A Suzano, uma das maiores papeleiras do país, também confirmou um reajuste para o segmento de cartão, mas não forneceu o percentual ou o prazo. Segundo fonte da indústria, a Suzano já teria indicado em novembro a seus clientes que haveria reajuste médio de 11% em seu mix de produtos - a companhia é também importante produtora de papéis de imprimir e escrever - a partir de março. Procurada, a empresa não se manifestou sobre essa informação.
A Klabin, de acordo com uma fonte do setor, estaria em vias de aplicar um aumento de 7% para seus cartões. Questionada, a companhia informou que não se pronunciaria sobre o assunto.
Despesas crescentes com insumos e mão de obra e a impossibilidade de repasse integral de custos ao preço final, após a tentativa frustrada em meados de 2012, justificam o aumento de 9% a 12% na tabela de preços, segundo Bustamante, da Ibema.
Conforme o executivo, os produtores de papel sofreram com aumentos da celulose, de químicos e pasta mecânica desde o ano passado. No caso da fibra, de janeiro a dezembro, o preço médio de referência subiu 20%, além da variação cambial de 14%. Em químicos, também houve aumento de 14%. Somente em aparas houve redução, de cerca de 6%.
"Além disso, já sabemos que a pasta mecânica deve subir 10% em 2013, com os custos maiores com madeira e mão de obra", afirmou o diretor. "Nossos parceiros já vinham sinalizando a necessidade de aumento e deixaram claro que em 2013 haveria repasse." Do lado da mão de obra, o dissídio ficou em 7,5%.
Na avaliação do executivo, o maior equilíbrio entre oferta e demanda neste momento, na comparação com o cenário de meados de 2012, pode contribuir para a aplicação integral dos índices de reajuste. "A entrada de pedidos está mais frequente do que no ano passado. A demanda está equilibrada", disse. No ano passado, segundo dados prévios, o mercado nacional de cartão, que gira em torno de 600 mil toneladas anuais, cresceu 4%. Para este ano, a Ibema projeta desempenho "um pouco melhor", com alta de 5% a 6%.
Veículo: Valor Econômico