Seis meses buscando parceiros. Neste tempo, os diretores da Ambev conversaram com executivos de diferentes setores e conseguiram montar um grupo para lançar uma campanha que alia vendas e futebol. O "Movimento por um Futebol Melhor" envolve nove empresas, quinze clubes e 18 redes de supermercados. A previsão inicial era lançar a campanha em outubro, mas atrasou e ficou para esta semana. Na segunda-feira à noite, a Ambev deslanchou o projeto, no qual está investindo R$ 25 milhões - parte da verba saiu do orçamento de 2012 e parte está no de 2013.
Fora este investimento, as empresas vão investir em ações promocionais nos pontos de vendas.
O plano consiste, basicamente, em oferecer descontos de 5% a 10% ao consumidor que for sócio de um clube de futebol e estiver com a mensalidade em dia.
A Ambev busca a adesão de empresas de outros setores, como uma companhia aérea ou agência de turismo.
Dificuldades na adaptação do sistema de descontos ao operacional de alguns parceiros atrasou o início do programa. O Walmart, por exemplo, ainda não está apto a vender com desconto por causa disso.
O mesmo acontece com outras nove redes, que já fazem parte do grupo, mas ainda não têm o sistema adaptado - incluindo os supermercados Sonda, Lopes e BH.
A campanha do projeto está com a 9ine, a agência de marketing esportivo do ex-jogador Ronaldo Nazário - que é também o "embaixador" do movimento -, e deve começar a ser veiculada esta semana na TV, internet e em mídias digitais. Todas as inserções publicitárias são pagas pela Ambev.
No lançamento do programa, no Memorial da América Latina, em São Paulo, estavam os presidentes de Ambev (João Castro Neves), Seara (David Palfenier), Bradesco (Luiz Carlos Trabuco), Danone (Mariano Lozano), Burger King (Iuri Miranda) e Sky (Luiz Eduardo Baptista), além de diretores de Unilever, Netshoes e PepsiCo.
A Unilever entrou no projeto com dez marcas. A expectativa é que as vendas desses produtos cresçam "dois dígitos" nos próximos três anos, disse à reportagem Luiz Dente, diretor de trade marketing. A empresa investiu "alguns milhões" na campanha, segundo ele, e agora vai concentrar as ações promocionais nos pontos de venda. "Vai ter um material grande" para apresentar a promoção ao consumidor, disse.
A empresa não descarta a possibilidade de fazer embalagens diferenciadas, temáticas, ao longo do ano, e os descontos poderão chegar a 15% no futuro.
O abatimento no preço pode afetar a margem bruta das empresas e por isso elas tratam o tema como investimento. Marcel Marcondes, diretor de conexões com o consumidor da Ambev, diz que o gasto é para "fazer a roda girar". "Na medida que dá desconto, reduz a margem, não tem milagre".
A Brahma é a marca da Ambev no projeto e vai custar R$ 0,20 a menos, mesmo em promoções.
Mariano Lozano, presidente da Danone no Brasil, diz que os descontos não vão reduzir a rentabilidade das duas marcas que estão no programa, Activia e Danone. "É um investimento para aumentar a receita."
No Burger King, os descontos serão de 7% a 8% em sanduíches de frango e carne a partir de fevereiro, disse o presidente Miranda.
O Bradesco entrou com três ações no cartão de crédito - desconto de 5% na mensalidade debitada, por exemplo - e analisa a possibilidade de adaptar serviços para a área de seguros, diz Domingos Abreu, diretor executivo do banco. A aposta da instituição é que o torcedor concentre gastos e aumentando a base do cartão, "o que gera mais renda para a empresa e volta em benefício" para o cliente, diz ele.
Veículo: Valor Econômico