ALL vê chance de crescer no próximo ano

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Na sexta-feira, 600 funcionários da área administrativa da ALL fizeram em Curitiba a festa de encerramento do ano em ritmo de balada. Nada de pessimismo por conta da crise, mesmo após a empresa ter anunciado recentemente previsão de crescimento menor no próximo exercício e redução de investimentos de R$ 700 milhões para R$ 600 milhões em 2009. "Estamos realmente animados", disse ao Valor o diretor presidente da companhia, Bernardo Hees, após participar de reunião de diretoria, na segunda. "A crise não é benéfica para a ALL, mas temos crescido em bons e maus momentos", completou.

 

A última reunião do ano acontecerá na próxima semana, porque, de acordo com o executivo, "trabalhar é o que a gente sabe fazer". Internamente, a crise não levou a mudanças no controle de custos. Na opinião de empregados, a empresa já trabalha com estrutura enxuta. "Mudamos pouquíssimo do nosso plano para o ano que vem, foram ajustes cosméticos", contou Hees. De acordo com ele, dos R$ 600 milhões, cerca de R$ 550 milhões serão destinados a investimentos no Brasil (para locomotivas, vias permanentes, vagões e 40 pátios de cruzamento e manobra) e o restante na Argentina. 

 

A ALL passará a usar em fevereiro trens de 8 mil toneladas, do Alto Araguaia (MT) até Santos (SP) "O volume praticado é de 6 mil toneladas. Com maior produtividade, consome menos diesel e desgasta menos a via permanente". Também no primeiro trimestre irá inaugurar seu primeiro terminal de grãos, no porto de Paranaguá, com capacidade estática para 50 mil toneladas, no qual foram investidos R$ 35 milhões. "O mercado pode ficar mais difícil, como estão falando, mas temos muita participação a ganhar", comentou Hees. 

 

A empresa calcula que tem capacidade para multiplicar por quatro a cinco vezes o volume de transporte sem aumentar a malha ferroviária. Fora isso, negocia com o BNDES investimentos de R$ 700 milhões para que terceiros construam 250 quilômetros de trilhos até Rondonópolis (MT). "Se acontecer uma crise catastrófica, que nunca aconteceu no país antes, meu 'market share' vai a 100%, porque vou capturar carga (do caminhão)". Hoje, a empresa tem participação de 40% no transporte de grãos e quer passar de 45% em 2009 nas áreas em que atua, enquanto no segmento industrial quer saltar de 20% para até 30% nos segmentos que já atende (combustíveis, madeira e outros). 

 

O executivo acrescentou que, com a crise, os custos com logística ganharão mais atenção, e o uso de ferrovia será uma opção mais econômica. "Do jeito que estava antes, a indústria estava produzindo pra vender, e sobrava pouco espaço para pensar em logística. Agora os clientes vão pensar mais", prevê. Hees contou que tem expectativa de crescer no segmento de contêiner, com carga fechada e frigorificada. "Se você compara nosso preço com o rodoviário, somos pelo menos 20% mais baratos, e pagamos 100% dos impostos". A diferença, disse ele, poderia ser maior. "Muitos transportadores autônomos não pagam impostos que, se fossem considerados, fariam a diferença chegar a 35%, 40%". 

 

Na ALL não devem ocorrer demissões em 2009. Pelo contrário, estão previstas até 400 contratações, sendo 250 para o cargo de maquinistas, que são formados pela empresa. O próprio Hees é maquinista. "Já conduzo trem há mais de cinco anos. É o que eu gosto de fazer", contou o executivo. Sobre 2008, diz: "é o melhor ano da nossa história". A movimentação de carga foi menor que o esperado no terceiro trimestre, mas Hess adiantou que "o volume do quarto trimestre está sendo muito forte" e que a empresa está "bem perto" de cumprir as metas. 

 

Sobre os desafios que tem pela frente, o executivo-maquinista usa a seguinte expressão: "a comida está caindo do prato". Ou seja, há muito por fazer. 

 

Veículo: Valor Econômico


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