Comprar a cesta básica no Recife em fevereiro ficou R$ 21,49 mais caro. No mês, o custo da cesta apresentou variação positiva de 8,35%, de acordo com levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com isso, o valor necessário para adquirir os itens básicos de subsistência atingiu R$ 278,92, comprometendo 44,72% do salário mínimo líquido (R$ 623,76) só com as despesas de alimentação. A média nacional deste mesmo indicador foi de 46,91%.
Em fevereiro de 2013, São Paulo continuou sendo a capital onde se apurou o maior valor para a cesta básica (R$ 326,59). Depois, aparecem Porto Alegre (R$ 318,16), Florianópolis (R$ 314,46) e Manaus (R$ 314,18). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 238,40), Campo Grande (R$ 269,38) e Salvador (R$ 270,04). No período, 15 das 18 capitais registraram aumentos no custo médio do conjunto de bens essenciais. Os destaques foram, além do Recife, Fortaleza (7,22%), João Pessoa (7,11%) e Natal (5,09%), todas capitais nordestinas.
Nos últimos 12 meses, 16 das 17 capitais onde é possivel fazer esta análise, apresentaram altas superiores a 15% em seus valores médios. Apenas Goiânia registrou variação de 14,06% e em Mato Grosso não há dados para fevereiro de 2012. As maiores elevações foram observadas em Salvador (32,03%), Natal (29,82%), Fortaleza (29,29%), Recife (27,12%), João Pessoa (27%), Aracaju (26,41%), Manaus (24,22%) e Florianópolis (22,89%).
Segundo a pesquisa mensal, os preços da farinha de mandioca e do tomate explicam, em parte, a elevação dos valores da cesta básica na caiptal pernambucana. Pelo relatório, o preço da farinha de mandioca (3 kg) passou de R$ 14,55, em janeiro, para R$ 16,74, em fevereiro passado, uma variação de 15,05%. No acumulado do ano, a variação foi 132,50%, já que em fevereiro de 2012 os mesmos 3 kg custavam R$ 7,20. Já o preço do tomate (12 kg), subiu de R$ 31,32, em janeiro, para R$ 49,08, no mês passado, uma variação equivalente a 56,70%. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação foi de 123,50% (em fevereiro de 2012, a mesma quantidade de tomate custou R$ 21,96%).
“No caso da farinha de mandioca, a falta de matéria-prima em função da estiagem no Nordeste obrigou os produtores locais a comprar a mandioca do Pará e Paraná, maiores produtores nacionais. A seca também prejudicou os mercados do tomate e do feijão, que se encontram num período de bastante instabilidade devido às restrições climáticas”, explicou a supervisora técnica do Dieese em Pernambuco, Jackeline Natal. Além disso, pontua ela, o excesso de chuva e geadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste afetaram a produção e qualidade dos produtos.
De acordo com o relatório do Dieese, no mês passado quatro dos doze produtos pesquisados registraram variações negativas em seus custos médios: o óleo de soja (4,61%), a manteiga (1,70), pão (1,63%) e o arroz (0,71%). Além do tomate e da farinha de mandioca, o feijão também variou para cima (6,53%).
Em termos anuais, observou-se forte elevação no custo médio de 10 dos 12 produtos pesquisados. Apenas o preço médio da carne (3,49%) e do açúcar (0,50%) apresentaram elevações mais suaves no período em análise. Os outros dez produtos apresentaram aumentos superiores a 8%, com destaque para a banana (39,06%), o arroz (28,42%), o óleo de soja (20,92%), a manteiga (15,68%), o feijão (15,08%) e o leite (13,58%).
Segundo a pesquisa, o trabalhador do Recife que recebeu um salário mínimo líquido (descontado a contribuição previdenciária) do mês de fevereiro ficou com apenas 55,28% do montante para serem gastos com moradia, educação, transporte, saúde, entre outros itens. Em fevereiro de 2012, a cesta custava R$ 219,42, ou seja, R$ 59,50 a menos que o registrado no mesmo mês de 2013, e comprometia 38,34% do salário mínimo líquido com este tipo de despesa. O montante gasto na compra dos itens para uma família composta por dois adultos e duas crianças foi de R$ 836,76, cerca de 1,35 salários mínimos vigentes em fevereiro de 2013.
Em relação ao salário mínimo, em fevereiro de 2013 o menor salário pago deveria ser R$ 2.743,69, ou seja, 4,05 vezes o mínimo em vigor, de R$ 678. Em janeiro, o valor era menor, equivalendo a R$ 2.674,88 ou 3,95 vezes o piso vigente. Na comparação com fevereiro de 2012, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.323,21 o que representava 3,74 vezes o mínimo de então (R$ 622).
Já a jornada de trabalho exigida em fevereiro deste ano para comprar os produtos que compõem a cesta básica foi de 90h30m, contra 83h22m em janeiro, sete horas e oito minutos a mais. A variação entre os dois primeiros meses de 2013 foi de 12,04%, segundo o Dieese. Comparado a fevereiro de 2012, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta básica no Recife era de 77h37m, treze horas e trinta e três minutos a menos que o registrado no mês em análise, o equivalente a uma variação de 27,12%.
Veículo: Diário de Pernambuco