Licitações podem aliviar 50% da demanda em portos do sul

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As licitações dos mais de 10 mil quilômetros de ferrovia prometidas para o segundo semestre deste ano pelo governo federal e os leilões dos trechos rodoviários, alguns dos quais já estão em andamento, deverão desafogar pelo menos 50% os Portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) até 2020.

Segundo o presidente da consultoria especializada no setor Macrologística, Renato Pavan, a construção de mais um trecho da Rodovia BR-163, no Pará, ligando Miritituba a Vila do Conde, e o prolongamento da Ferrovia Norte-Sul, entre Açailândia(MA) e Vila do Conde, deverão ampliar a capacidade de exportação do País pelo menos 50%.

  "Com essas obras, até o fim de 2014 a BR-163 deverá ser capaz de movimentar cerca de 15 milhões de toneladas de grãos, o que já é um terço do previsto para exportação no ano que vem em Paranaguá [PR]", disse o especialista ao DCI. Já pelo novo trecho da Ferrovia Norte-Sul será possível movimentar mais 10 milhões de toneladas", complementou.

Além dos 25 milhões de toneladas movimentados pelas duas obras, Pavan conta com o escoamento da safra pela hidrovia do rio Madeira (AM), que será capaz de movimentar 5 milhões de toneladas de grãos, totalizando 30 milhões de toneladas transportadas. "Se considerarmos que o previsto é que o Brasil exportará 60 milhões de toneladas de grãos até 2020, metade da exportação poderá ser feita por portos do norte e do nordeste", afirmou. Com isso, os Portos de Itaqui e Vila do Conde devem ter aumento de 5 milhões de toneladas exportadas cada um, no mesmo período.

Acessos

Mesmo assim, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) aguarda a licitação de uma nova ferrovia de acesso ao Porto de Paranaguá para conseguir ampliar a capacidade.

"O porto tem como aumentar a sua capacidade produtiva através de equipamentos mais modernos, mais ágeis, mas a estrada é aquela e a ferrovia é aquela. Nós temos a ferrovia, mas ela atingiu um limite", explicou o diretor-administrativo e financeiro da Appa, Carlos Roberto Frisoli, ao DCI, durante a Intermodal South America 2013. "E em cinco anos, a rodovia estará saturada também", complementou ele.

O Porto de Paranaguá é servido por apenas uma ferrovia, a Sul-Atlântico S.A., que tem mais de 100 anos e opera com composições muito pequenas para servir a demanda apresentada atualmente. Ainda segundo Frisoli, devido a essa deficiência, a maior parte das cargas que chegam a Paranaguá vem pelo modal rodoviário: cerca de 60% de granéis, 95% dos congelados e 90% dos contêineres.

No Porto de Santos, o principal do País, o modal rodoviário é responsável por 69% das cargas que chegam ao porto, enquanto o ferroviário responde por 24%, e o dutoviário por 7%, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Hoje, o acesso ao Porto de Santos é feito por duas linhas férreas - operadas pela ALL Logística e pela MRS Logística - e pelo Sistema Anchieta-Imigrantes.

Melhorias

Para tentar minimizar o gargalo logístico interno, que tem provocado filas de dezenas de quilômetros nas rodovias que dão acesso ao Porto de Santos, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) deverá formalizar hoje a transferência à Codesp das áreas da Lloydbratti e da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que deverão ser disponibilizadas para estacionamento de caminhões que transportam cargas com destino ao Porto de Santos.

Para utilização do terreno da RFFSA será necessário desenvolvimento de projeto para viabilizar a infraestrutura necessária para seu funcionamento. Já a área da Lloydbratti encontra-se preparada para uso.

Ontem, a Codesp informou que o Porto de Santos registrou movimento recorde de 15,5 milhões de toneladas no primeiro bimestre de 2013, número 15% maior que o do mesmo período do ano anterior. O resultado engloba dois recordes mensais consecutivos (janeiro e fevereiro). Em fevereiro foram operados 7,5 milhões de toneladas de carga, 4,5% a mais que em fevereiro de 2012.

Com a dragagem, aprofundamento e alargamento do canal de navegação, o porto tem recebido navios maiores, que transportam um volume maior de carga. Em fevereiro deste ano foram 852 navios, 9,3% a menos do que os 939 registrados no mesmo mês de 2012. A importações alcançaram o valor de US$ 9,2 bilhões no bimestre, com veículos automotores, adubos, fertilizantes e autopeças. As cargas da China movimentaram US$ 1,7 bilhão.



Veículo: DCI


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