A Vitol, uma das maiores comercializadoras independentes de petróleo do mundo, contratou toda uma equipe da trading canadense Viterra, recém-adquirida pela Glencore, e pretende expandir sua atuação no segmento agrícola.
A empresa, com sede na Suíça, anunciou no início da semana, em comunicado, planos para começar em maio a operar com "grãos e outras commodities agrícolas" a partir de suas bases em Cingapura e Genebra, com o apoio dos escritórios de Vancouver e de Hamburgo.
A expansão se segue a uma investida anterior no mercado de açúcar e foi anunciada meses depois de a Mercuria, uma das maiores tradings globais de fontes de energia, também ter ampliado sua presença em mercados agrícolas com a contratação de traders do Morgan Stanley.
Segundo Ian Taylor, CEO da Vitol, a comercialização de commodities agrícolas permitirá que a empresa amplie sua força em logística e no conhecimento dos mercados globais. "Essa é uma extensão natural das nossas atividades", afirmou ele.
Tradings especializadas em fontes de energia passaram a entrar na área agrícola para tentar compensar a baixa rentabilidade do petróleo bruto, derivados refinados, gás natural e energia elétrica. O mercado energético foi bem menos volátil nos últimos dois anos que no início da década passada, o que priva os operadores das grandes variações de preços que favorecem seus lucros.
Já o segmento agrícola proporcionou às tradings diversas oportunidades nos últimos anos, na esteira das quebras de produção provocadas por adversidades climáticas, como aconteceu recentemente nos Estados Unidos, na Rússia e na Argentina. Além disso, comercializar commodities agrícolas permite aos operadores de petróleo lucrar com a vinculação de gasolina e diesel ao mercado de biocombustíveis. Nos EUA, por exemplo, o etanol é de milho.
Consultores alertam, porém, que esse caminho não é fácil. Em primeiro lugar, porque o comércio de commodities agrícolas é dominado pelo grupo conhecido como "ABCD" - ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Commodities. Mas também porque grupos como Glencore e Marubeni também estão em expansão na área.
Como diretor internacional de grãos, a Vitol indicou Don Chapman, que era executivo sênior da Viterra e deixou a empresa quando esta foi vendida para a Glencore, por US$ 5,9 bilhões, em 2012.
Veículo: Valor Econômico