Projeto do presidente da Câmara Municipal libera a venda de alimentos, itens de higiene, roupas e até de eletrônicos em 30% do espaço desses locais
Um projeto do presidente da Câmara de São Paulo, José Américo (PT), incluído ontem na pauta de votação, autoriza as bancas de jornais a venderem alimentos, roupas, produtos eletrônicos e de higiene, material escolar e até kits de ferramentas. O texto, que recebeu apoio das principais lideranças da Casa e do governo Fernando Haddad (PT), deve ser votado nas próximas semanas e seguir para sanção ainda neste semestre.
Na prática, o projeto de Américo, que é jornalista, permite agora que as bancas possam vender todos os produtos encontrados em lojas de conveniência de postos de combustíveis e em minimercados. Um dos artigos do texto também libera a esses estabelecimentos ter serviços de correspondente bancário (pagamento de contas de água, luz, telefone e outros boletos), como ocorre nas casas lotéricas.
O comércio de bebidas alcoólicas, no entanto, está vetado. "Em 30% do espaço interno das bancas, será possível vender produtos como isotônicos", exemplificou o presidente da Câmara. De acordo com Américo, os 70% restantes seguirão reservados para produtos do segmento editorial, como jornais e revistas.
O projeto seria colocado em votação ainda ontem, por volta das 20h40. Mas, de última hora, Américo pediu para que a votação fosse adiada. "Houve um erro aqui da minha assessoria", argumentou o presidente - que já havia concedido entrevista à imprensa para falar da proposta.
Segundo a assessoria da presidência, houve um problema de "tramitação" do projeto, que será votado nos próximos dias.
Eletrônicos. Até pen drives, recarregadores de celular e jogos de videogame poderão ser expostos nas bancas. Mochilas, chinelos, preservativos e bolachas também estão entre os produtos autorizados. "É uma proposta que descaracteriza o uso das bancas, que se transformam em supermercados. Isso não é o certo. No mundo inteiro, as bancas vendem jornais e revistas", criticou Floriano Pesaro, líder do PSDB. "Daqui a pouco, as bancas vão virar pontos de 'aquecimento' dos jovens antes das baladas, igual lojas de conveniência."
O apoio ao projeto entre donos de bancas do centro paulistano é unânime. "Todo mundo esperava essa autorização há muito tempo. Aqui, 40% do meu faturamento vêm das recargas de celular", diz Nelson Genesini, de 56 anos, dono de uma banca na Rua Barão de Itapetininga.
Para Celso Ferranti, de 45 anos, dono de uma banca na Praça da Sé, o projeto "vai salvar" os jornaleiros. "Pedi autorização para colocar aqui uma geladeira em 2007, mas a Prefeitura nunca respondeu", conta.
Veículo: O Estado de S.Paulo