Dona da L'Oréal briga com a filha

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Uma história com ingredientes de ciúme, ganância, manipulação e muito dinheiro envolve neste fim do ano a mulher mais rica do mundo, Liliane Bettencourt, e sua filha Françoise, controladoras do grupo L'Oréal, com conseqüências imprevisíveis para o gigante de cosméticos.

 

A herdeira de uma das dinastias francesas, com fortuna de US$ 23 bilhões (ou RS$ 56,3 bilhões) e 86 anos de idade, ocupa as manchetes dos jornais depois de ter sido revelado que sua filha Françoise, de 55 anos, abriu uma processo na justiça por "abuso de fraqueza" da mãe. 

 

A filha alega que a velha dama foi explorada pelo fotógrafo de moda François-Marie Banier, de 61 anos, a quem ela deu a soma colossal de US$ 1,3 bilhão na forma de cheques, propriedades, obras de arte (Picasso, Mondrian e Matisse) e seguros de vida. Liliane multiplicou as doações ao longo dos últimos dez anos a esse homem chamado de "charmant" (charmoso) com entrada no jet-set internacional e amigo de atores de Hollywood. 

 

Françoise recorreu à Justiça temendo que a fortuna da mãe pudesse ser dilapidada rapidamente no rastro da morte de André Bettencourt, seu pai, ocorrida em 2007. Depois que o caso vazou, a matriarca Liliane saiu de seu silêncio no fim de semana numa rara entrevista. Pareceu lúcida e mesmo bem humorada para a situação que agita o pequeno mundo das altas fortunas. Na entrevista ao "Jornal du Dimanche", de Paris, ela qualifica a atitude da filha de "muito estúpida" e diz que não deseja mais vê-la, de jeito nenhum. 

 

A bilionária acha que a filha agiu por ciúme e por não suportar ver que ela "se entende bem" com François-Marie Banier. "É um artista que me motiva", diz Liliane. "Foi graças a ele que não fiquei fechada no meio convencional ao qual me destinava minha situação de fortuna". 

 

Segundo a revista "Le Point", a investigação da Justiça revelou que o fotógrafo poderia ter extorquido a velha dama, enquanto esta teria em várias ocasiões desejado parar de dar-lhe dinheiro. Mas Liliane, rumo aos 90 anos de idade, insiste que fez as doações em pleno conhecimento de causa e diante de um tabelião. Rejeita aparecer como vítima de dominação ou manipulação. Ela minimiza as doações, dizendo que, embora importante, o valor "não é muito elevado em proporção" (à fortuna dela). 

 

Por isso, diz entender ainda menos a ação da filha, alegando que deixou para Françoise bilhões de dólares com sua parte de quase 30% na L'Oréal, que foi herdada de Eugene Scheuller, seu pai, fundador do grupo em 1909. 

 

"Ela vai ter tudo depois de minha morte", afirmou. "Esse caso é inteiramente idiota, é uma perda de energia. Minha filha abriu processo logo após a morte de meu marido (fim de 2007). Ela me pediu para passar por um exame psiquiátrico. Eu aceitei isso. Fui ver um psiquiatra, que me disse: 'tudo vai bem'", afirmou Liliane. 

 

Para a velha dama, "o ciúme deve ter motivado isso, é possível. Minha filha é introvertida. Assim, quando alguém que se exterioriza como François-Marie Banier, é um pouco irritante para ela. Mas, mesmo antes, ela era uma criança bastante fechada". 

 

A principal acionista da L'Oréal consagra parte de seu capital a obras de caridade. A filha é por sua vez descrita como uma intelectual austera e rigorosa, autora de cinco livros sobre a Bíblia. 

 

Em meio ao escândalo, a mulher mais rica do mundo, segundo a revista "Forbes", mandou carta para a filha ameaçando abrir um "procedimento de revogação" das doações que lhe fizera. Essa manobra dificilmente daria certo. Françoise tem garantida por lei a metade da fortuna da mãe, como parte de herança para um filho único. 

 

Mas Liliane avisou que ainda pode atribuir diretamente para seus netos uma parte da fortuna, e deixar a maior fatia dos bilhões de dólares para uma fundação e para o governo, "onde essas somas estarão bem mais úteis que nas tuas mãos". 

 

Essa ameaça até hoje não foi concretizada, como tampouco a hipótese de adoção pura e simples do fotógrafo François-Marie Banier, o pivô da briga. 

 

A mãe, a filha e o marido desta têm assento no conselho de administração da gigante de cosméticos, onde o desconforto parece aumentar sobre a sua gestão. A L'Oréal faturou 12 bilhões de euros nos nove primeiros meses deste ano. 

 

Liliane Bettencourt controla um terço do grupo, e o gigante suíço Nestlé é o segundo acionista com 28,9%. Em abril de 2009, termina o acordo de acionistas entre ambos. Enquanto Liliane se retira progressivamente dos negócios, a Nestlé não esconde o interesse em aumentar sua fatia na L' Oréal. 

 

Ela escreveu um comunicado aos funcionários para assegurar que o problema com a filha era "estritamente interno, (restrito) à família e não envolvia L'Oréal". 

 

A bilionária chegou a procurar o presidente da França, Nicolas Sarkozy, para tentar arquivar o processo movido pela filha, segundo informações que não foram desmentidas. O procurador de Nanterre, Philippe Courroye, deve decidir em breve o que fazer. Ele pode pedir um exame psiquiátrico oficial ou encerrar o caso. A filha pode ainda pedir a tutela da mãe, se a perda de faculdades mentais for estabelecida. 

 

Enquanto isso, o fotógrafo, com milhões de dólares na conta bancária, encontra-se nos Estados Unidos "a trabalho" e, aparentemente, não pretende voltar tão cedo a Paris. 

 

Para a velha dama, "o ciúme deve ter motivado isso, é possível. Minha filha é introvertida. Assim, quando alguém que se exterioriza como François-Marie Banier, é um pouco irritante para ela. Mas, mesmo antes, ela era uma criança bastante fechada". 

 

A principal acionista da L'Oréal consagra parte de seu capital a obras de caridade. A filha é por sua vez descrita como uma intelectual austera e rigorosa, autora de cinco livros sobre a Bíblia. 

 

Em meio ao escândalo, a mulher mais rica do mundo, segundo a revista "Forbes", mandou carta para a filha ameaçando abrir um "procedimento de revogação" das doações que lhe fizera. Essa manobra dificilmente daria certo. Françoise tem garantida por lei a metade da fortuna da mãe, como parte de herança para um filho único. 

 

Mas Liliane avisou que ainda pode atribuir diretamente para seus netos uma parte da fortuna, e deixar a maior fatia dos bilhões de dólares para uma fundação e para o governo, "onde essas somas estarão bem mais úteis que nas tuas mãos". 

 

Essa ameaça até hoje não foi concretizada, como tampouco a hipótese de adoção pura e simples do fotógrafo François-Marie Banier, o pivô da briga. 

 

A mãe, a filha e o marido desta têm assento no conselho de administração da gigante de cosméticos, onde o desconforto parece aumentar sobre a sua gestão. A L'Oréal faturou 12 bilhões de euros nos nove primeiros meses deste ano. 

 

Liliane Bettencourt controla um terço do grupo, e o gigante suíço Nestlé é o segundo acionista com 28,9%. Em abril de 2009, termina o acordo de acionistas entre ambos. Enquanto Liliane se retira progressivamente dos negócios, a Nestlé não esconde o interesse em aumentar sua fatia na L' Oréal. 

 

Ela escreveu um comunicado aos funcionários para assegurar que o problema com a filha era "estritamente interno, (restrito) à família e não envolvia L'Oréal". 

 

A bilionária chegou a procurar o presidente da França, Nicolas Sarkozy, para tentar arquivar o processo movido pela filha, segundo informações que não foram desmentidas. O procurador de Nanterre, Philippe Courroye, deve decidir em breve o que fazer. Ele pode pedir um exame psiquiátrico oficial ou encerrar o caso. A filha pode ainda pedir a tutela da mãe, se a perda de faculdades mentais for estabelecida. 

 

Enquanto isso, o fotógrafo, com milhões de dólares na conta bancária, encontra-se nos Estados Unidos "a trabalho" e, aparentemente, não pretende voltar tão cedo a Paris. 

 

Veículo: Valor Econômico


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