O espírito empreendedor mudou a vida do jovem estudante Juliano Botelho e deu início ao sucesso da indústria de alimentos Massas Botelho, sediada em Uberaba, na região do Triângulo. No ano de 1991, vindo de Araxá, no Alto Paranaíba, o estudante precisava se manter na nova cidade e passou a fabricar talharim para vender. A inciativa deu tão certo que 22 anos depois o jovem empresário se transformou em exemplo de sucesso, comanda uma equipe com mais de 70 funcionários e distribui para todo o Brasil. "Em Araxá, meu pai tinha uma pequena indústria de macarrão e um restaurante. Resolvi seguir os passos dele e comecei a fabricar massas aqui. Não imaginava que aquele seria o início de uma nova vida", relembra Botelho.
Em 2012 o faturamento foi pouco superior a R$ 7 milhões. Para 2013, segundo o diretor, a meta é consolidar a presença nos mercados mineiro e paulista. "Não estamos buscando crescimento de faturamento para este ano, queremos trabalhar melhor nossas margens. Está previsto o lançamento de novos produtos na linha institucional e de pratos prontos", afirma o diretor.
A inovação faz parte da estratégia da empresa. Os produtos são pensados de acordo com as necessidades do mercado. Podem ser modificações no sabor, na embalagem ou no modo de preparo. Tudo é feito dentro da fábrica, com as equipes de nutricionistas e inspeção de qualidade. O talharim dos primeiros tempos evolui para massa de lasanha, nhoque, raviolle e capellete.
Depois, as mudanças no mercado levaram ao lançamento do pão de alho, que hoje é o maior sucesso da empresa junto com a massa de lasanha. "Estamos com alguns produtos para serem lançados este ano como a pizza de frigideira, rondelle recheado, canellone recheado. Nosso maior desafio vai ser entrar com a linha de pratos congelados: a lasanha à bolonhesa, quatro queijos e outros produtos", anuncia o empresário, sem revelar o valor do investimento.
Mesmo vivendo um bom momento, Botelho não se descuida dos desafios e dificuldades impostos pelo mercado. A economia aquecida atrai uma espécie de concorrência, muitas vezes, desleal. "A maior dificuldade hoje é na questão da ‘fábricas de fundo de quintal’, que não têm uma estrutura sanitária adequada e não são fiscalizadas. Neste sentido, essas empresas têm condições de praticar margens menores, atrapalhando assim a nossa rentabilidade, visto que nossa empresa está adequada a todos os padrões sanitários estabelecidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)."
Reclamação comum a diversos setores, a logística também é um fator de risco. A delicadeza dos produtos alimentícios exige transporte especial em baixas temperaturas, o que diminui bastante a possibilidade de trabalhar com distribuidores parceiros. A solução foi investir em frota e equipe própria para fazer a entrega até os pontos de venda.
A alta carga tributária é outro ponto que pode ser revisto na opinião do empresário. "Em Minas todos os nossos produtos têm a cobrança de 18% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) e substituição tributária, quando outros estados têm os produtos com alíquota reduzida. Falando na carga tributária, neste começo de ano a presidente Dilma abaixou o ICMS da conta de energia, mas em compensação o governo mineiro elevou em 3% o custo dos produtos com o aumento da substituição tributária dos produtos. Quer dizer, tira de um lado e joga em outro", reclama.
Veículo: Diário do Comércio - MG