Queda na produção de maçã não prejudica exportações da fruta em 2008

Leia em 3min 30s

Mesmo com a queda de 17,7% na produção brasileira de maçã da temporada 2008 sobre a anterior, as exportações permaneceram firmes. Conforme levantamento do Cepea, de fevereiro a setembro (período de embarques brasileiros) foram enviadas para o Exterior 112 mil toneladas da fruta, volume semelhante ao do mesmo período de 2007.

 

A receita obtida por exportadores brasileiros foi 18% superior à de 2007, passando para US$ 80,8 milhões. Do total embarcado, 88,5% (ou 99,1 mil toneladas) tiveram como destino a Europa, 5,5% a menos que em igual intervalo da temporada anterior. Ao mesmo tempo, cresceram as vendas para Rússia, Oriente Médio, África e América Central, principalmente no primeiro semestre do ano.

 

Previsões para 2009

 

Com a previsão de maiores estoques de maçã no Hemisfério Norte em 2009 e de aumento na produção e nos embarques da Argentina e do Chile, principais concorrentes do Brasil, as exportações brasileiras da fruta podem ser limitadas no próximo ano. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques chilenos, que alcançaram 775 mil toneladas em 2008, podem saltar para 800 mil toneladas em 2009, com a União Européia permanecendo como o principal importador.

 

No ano passado a produção mundial de maçã teve ligeiro aumento, de cerca de 4%, segundo a Associação Mundial de Maçã e Pêra (Wapa, na sigla em inglês). Tal incremento decorreu principalmente da recuperação da produção dos países da Europa Central e Oriental, afetada por severas geadas em 2007. No segundo semestre, a produção de maçã em toda a Europa totalizou 9,97 milhões de toneladas, volume 14% maior que o do mesmo período da temporada anterior e 4% acima da média dos últimos três anos.

 

Na Europa Ocidental, a produção da fruta diminuiu 7% em relação à safra anterior, enquanto no leste europeu houve expressiva alta de 104%. Em outros países do Hemisfério Norte, contudo, o volume de maçã produzido reduziu. Na Rússia, a diminuição foi de 6%, na Suíça, de 14% e nos Estados Unidos, de 5%.

 

A exportação de maçã é um dos poucos segmentos que têm declarado certa imunidade à crise financeira mundial, mesmo tendo a União Européia, que está em desaceleração econômica, como principal comprador da fruta. Boa parte dos representantes de empresas produtoras exportadoras de maçã ouvidos pelo Cepea não acredita que o cenário deva interferir de maneira significativa nas exportações da próxima safra, que começa em fevereiro de 2009.

 

A justificativa é que a maçã é uma das frutas mais consumidas do mundo, não entrando no rol de frutas exóticas, as quais talvez sintam uma retração maior no consumo. Além disso, devido à crise, boa parte das refeições realizadas fora de casa na Europa está reduzindo, o que é bom para o consumo da maçã, por tratar-se de uma fruta normalmente consumida no domicílio.

 

Apesar disso, nem todos os fatores estão a favor do Brasil. Se por um lado a crise pode não atrapalhar as vendas externas, por outro há expectativas de aumento da oferta mundial de maçã no próximo ano, que afunila os mercados consumidores e pode prejudicar as vendas brasileiras.

 

Durante quase todo o ano de 2008, produtores brasileiros de maçã obtiveram cotações maiores que as do ano passado, devido principalmente à menor oferta. Além disso, a qualidade superior da fruta, favorecida pela adequação da quantidade produzida ao nível de armazenamento e a demanda aquecida contribuíram
para a rentabilidade positiva.

 

Para a safra de 2009, o volume colhido deverá permanecer próximo ao deste ano, segundo produtores. O plantio de novas árvores foi limitado pelos maiores custos de produção. Diante do clima chuvoso no segundo semestre nas principais regiões produtoras, especialmente no Estado de Santa Catarina (que responde por metade da produção do país), houve necessidade de maior controle com defensivos por conta do aumento do risco de incidência de fungos nas macieiras. Quanto à qualidade, as condições devem seguir satisfatórias em 2009, contribuindo para a valorização da fruta interna e externa.

 

Veículo: Canal Rural


Veja também

Consumo de leite pode subir em 2009

Com preço baixo, demanda por produtos lácteos tende a crescer com a redução do poder aquisit...

Veja mais
Aumento no custo deve inibir investimento na safra de verão do tomate

Valor mínimo de venda do tomate salada AA aumentou cerca de 30%   Apesar elevados preços registrado...

Veja mais
Safra de cebola no Vale do São Francisco registra preços recordes

De acordo com Cepea, área cultivada na região em 2008 foi mesma de 2007   Em 2008, a área cu...

Veja mais
Nova norma pode estimular o produto nacional

Atendendo os pedidos de segmentos de fabricação e distribuição de papel, além de algu...

Veja mais
Papeleira atrai mais que fábrica de celulose

Numa recente reunião com banqueiros, o diretor-executivo da Suzano Papel e Celulose, André Dorf, foi surpr...

Veja mais
Novos tempos dão mais poder a anunciantes

Em anos recentes, o mundo da publicidade desfrutou algum renascimento. Anunciantes pressionaram a Madison Avenue a produ...

Veja mais
Gimenes recorre à recuperação judicial

A parceria entre a administradora de fundos de investimento Governança & Gestão (GG), liderada pelo ex...

Veja mais
Avanço de grandes redes no interior paulista desafia varejistas regionais

Mal havia terminado a época de compras de Natal quando a rede Gimenes encerrou as operações de seis...

Veja mais
Produção de trigo da Argentina deve recuar mais que o previsto

A produção argentina de trigo frustrou as expectativas na safra 2008/09, começam a confirmar os pri...

Veja mais