Forte elevação dos custos de exportação do grão, provocada pelo caos no transporte, já afeta a venda da safra 2013/14.
Brasília - A alta dos custos de exportação da soja, provocada pelos entraves logísticos, está prejudicando a comercialização antecipada da safra 2013/14, que começa a ser semeada a partir de setembro deste ano. Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro, o ritmo dos negócios continua lento e o volume comercializado segue inexpressivo, bem abaixo dos 40% que estavam vendidos no final de maio do ano passado.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira, disse que nos últimos dias as tradings abriram preços em Mato Grosso para compra da soja, com liquidação e entrega no primeiro trimestre de 2103, mas as propostas de US$ 18/saca não animam os agricultores, pois o valor não cobre o custo de produção, estimado em US$ 9/bushel, o equivalente a US$ 19,84/saca.
Silveira explicou que o atraso na comercialização antecipada se deve em grande parte aos problemas logísticos, pois as tradings estão cautelosas por causa do prejuízo médio de US$ 50/tonelada que tiveram na exportação da soja nesta safra, podendo chegar a US$ 1,9 bilhão se os embarques atingirem as 38 milhões de toneladas estimadas pelo mercado.
Os prejuízos foram provocados pelo fato de o frete na hora de escoar a safra ter ficado 50% acima do valor estimado quando os contratos foram fechados e também pela longa fila de navios nos portos, que geraram multas diárias de US$ 25 mil.
Na opinião de Silveira, o plano de safra, anunciado na terça-feira passada pelo governo federal, tem aspectos positivos como os financiamentos a juros baixos para construção de armazéns privados, mas alerta que os problemas logísticos devem se agravar na próxima safra, por causa do aumento da produção e da limitação dos portos brasileiros, que têm condições para embarcar 9 milhões de toneladas por mês. " como colocar um elefante dentro de um fusca", diz ele.
Os produtores estão preocupados com o aumento dos custos de transporte na próxima safra. Silveira lembra que nos últimos cinco anos os custos de produção da soja dentro da porteira cresceram 28% (passou de US$ 15,43 para US$ 19,84/saca), enquanto o frete aumentou 46,15% (passou de US$ 5,73 para US$ 8,38/saca). Ele disse que as previsões são de aumento de mais 10,5% no valor do frete, para US$ 9,26/saca.
Ferrugem - Silveira se reuniu ontem com secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Gerardo Fontelles, para tratar da liberação de novas moléculas de defensivos para controle da ferrugem da soja. Ele afirmou que a Aprosoja Brasil pediu prioridade nos estudos realizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aprovação de novos produtos, pois já existe aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Mapa.
Ele estima que os prejuízos provocados pela ferrugem devam atingir na próxima safra R$ 5 bilhões, devido à queda de produtividade provocada pela doença e aos gastos com a aplicação dos defensivos existentes, que não são mais tão eficientes. A Aprosoja defende a liberação emergencial dos novos fungicidas, a base de carbomaxidas, que são utilizados em outros países e desde 2009 aguardam aprovação no Brasil.
Veículo: Diário do Comércio - MG