IGP-10 de junho teve alta de 0,63% e superou as expectativas do mercado, após deflação de 0,09% em maio.
Fernanda Nunes / Rio
A inflação de junho voltou a surpreender o mercado. A expectativa era de alta de 0,36% a 0,57%, segundo projeção de economistas ouvidos pelo Broadccisty serviço em tempo real da Agência Estado. Mas o IGP-10, índice Gerai de Preços da Fundação Getúlio Vargas, trouxe alta superior as estimativas, de 0,63%, após deflação de 0,09% em maio.
Os alimentos voltaram a ficar mais caros no atacado e o reajuste de salários na construção civil em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília contribuíram para elevar o indicador.
Em evento no Rio de Janeiro, a presidente Dilma Rousseff minimizou declarações recentes sobre a perda de controle da inflação pelo governo. "Hoje ela está sob controle. Ontem ela estava sob controle e ela continuará sob controle", disse a presidente, para, em seguida, afirmar que não deve ser dado "ouvidos aos que jogam no quanto pior, melhor".
A leitura dos dados do IGP-10, no entanto, não apontam nesse sentido, E a expectativa é que, seguindo movimento no atacado, a variação dos preços dos alimentos avance ainda
mais no curto prazo no varejo e atue como mais uma fonte de corrosão do orçamento das famílias.
Vilões. "O trigo (com variação de -2,22% em maio para 1,88% em junho) é o preço que mais traz perigo para a inflação no varejo, por causa da sua capacidade de contaminação de preços pelos seus derivados", destacou o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV), André Braz. O preço do grão influencia o da farinha de trigo, que é a matéria-prima básica usada na fabricação de pães, bolos, pizzas e biscoitos.
Mas o trigo não é a única fonte de pressão de preços no atacado. Ainda na cadeia produtiva, de maio para junho, ganhou ritmo a inflação dos alimentos in natura (de -0,37% para 0,91%), como a batata inglesa (de 8,78% para 16,16%), destaque de aceleração no grupo alimentação; assim como da soja (de-040%para 9,61%); e do farelo de soja (de 0,75% para 14,12%), por causa de uma perspectiva de safra ruim do grão nos Estados Unidos.
Varejo. Para o consumidor, por enquanto, a inflação dos alimentos permanece desacelerando (de o,57%em maio para 0,41% em junho). Após 12 meses crescendo, a inflação do arroz e do feijão, por exemplo, teve alta menos intensa neste mês, de 1,67%, ante 2,78% em maio, Assim como a carne de frango recuou 1,56% em junho, após queda de 1,52% em maio. Mas a expectativa é que, já ao longo deste mês, a alta de preços dos alimentos no atacado comece a contaminar o varejo, previu Braz, do Ibre/FGV.
Além disso, o economista observou que a inflação deverá ainda sofrer a influência do reajuste das tarifas de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo. Essas altas ainda não foram captadas pelo índice Geral de Preços (IGP-10) deste mês, destacou o economista-chefe do Gradual Investimentos, André Perfeito.
Veículo: O Estado de S. Paulo